Ren Thiollier, Manuel Bandeira, Mário de Andrade, Manoel Vilaboin,
Francesco Pettinati, Cândido Motta Filho, Paulo Prado, Graça Aranha,
Afonso Schmidt, Goffredo da Silva Telles, Couto de Barros,
Tácito de Almeida, Luís Aranha, Oswald de Andrade, Rubens Borba de Moraes.
Outros
acontecimentos vão ocorrendo depois da semana de 22, mas por não atenderem o
desejo colorido do interesse acadêmico ideológico marxista, são ignorados e
caem no esquecimento. Pouco se sabe da Rebelião de 1924 na qual o general
gaúcho Isidoro Dias Lopes comandou a insubordinação que deflagrou violentos
conflitos bélicos na cidade de São Paulo. (Também é bom anotar que,
independentemente das questões de ordem ideológica, toda tropa
militar insurgente cobra imposto da cidade ou região sitiada, saqueia as
instituições locais cujos recursos atende os deslocamentos, manutenção de tropa
e enriquecimento econômico dos membros do alto comando. O que difere de outros
movimentos militares é que o "Insurgente" é parte do Exército
institucional que se vale do armamento, do treinamento e da hierarquia militar
proporcionado pelo próprio Estado).
No final de julho de 1924, esse general se
retirou da cidade de São Paulo saqueada e seguiu com seus soldados em direção
ao Paraná. Lá sua tropa juntou-se a outra tropa insurgente sob o comando do
capitão Luis Carlos Prestes, também gaúcho, que se deslocara de sua
unidade militar, situada no Rio Grande do Sul, para a mesma
localidade no Estado do Paraná, local em que estavam acantonadas as
tropas do general Isidoro Dias Lopes, essa que viera da cidade de São
Paulo. Da junção das duas tropas configurou-se uma terceira, em 1926, para qual
os acadêmicos marxistas deram o nome de Coluna Prestes. Essa coluna foi,
posteriormente, consagrada pela intelectualidade ligada ao Partido Comunista
Brasileiro como marco da história da atividade militar marxista no Brasil. O
militar com cujo nome batizou-se a referida coluna tornou-se, no restante de
sua vida, o porta voz brasileiro dos interesses da União Soviética e
do Comitê da Internacional Comunista
Em 1930, oito anos depois da fundação do Partido
Comunista Brasileiro e do evento cultural da Semana de 22, ocorreu o
golpe militar sob o comando de outro militar gaúcho, Getúlio Vargas, que
deixara o cargo de presidente do Rio Grande do Sul e, à frente da tropa
insurgente, dirigiu-se ao Rio de Janeiro, na época a capital do Brasil.
Chegando lá com sua tropa, depôs o Presidente da República que havia sido
eleito pelo voto e se autodenominou o novo presidente da República do Brasil. Em
sua maioria, tanto os integrantes da Semana de Arte Moderna de 22, como também
os membros do Partido Comunista Brasileiro, apoiaram esse golpe executado pela
tropa militar gaúcha sob o comando de Getúlio Vargas. Passados dois anos do
golpe militar das tropas de Getúlio Vargas, no ano de 1932 os paulistas
deflagraram a guerra de resistência com o objetivo de restaurar o sistema
democrático no Brasil. Ao terminar esse conflito e com a derrota dos paulistas,
os lideres se exilaram e a sede do governo do Estado de São Paulo foi
esvaziada. Sem comando e cercado pelas tropas simpáticas a Getúlio Vargas o
Palácio do Governo paulista foi invadido por membros do Partido Comunista que
tentaram assumir o controle da situação e se estabelecerem no comando do
Estado. Embora não tenham sido identificados por nenhuma pesquisa acadêmica,
esse grupo não logrou seu intento e foi "dispersado" pela ação dos
soldados da Força Pública do Estado de São Paulo que já estava sob o
comando de um interventor militar nomeado por Getúlio Vargas. .
Esse interventor nomeado por Getúlio era Miguel Crispim da Costa
Rodrigues que pertencia as próprias fileiras da Força Pública do Estado de São
Paulo, instituição militar paulista que lutara contra Getúlio
Vargas. Nascido na argentina, Miguel da
Costa fora criado, desde menino, em São Paulo, ingressou na academia militar e
se tornou oficial da Força Pública do Estado de São Paulo. Por sinal, ele
também esteve na tropa denominada Coluna Prestes de 1926. Embora tenha sido um
de seus principais líderes e um dos que apoiaram Getúlio no golpe de 1930, seu
nome não consta como membro do comando na história da Coluna Prestes de 1926.
Ocorre que no episódio da Guerra de 1932, comunistas e modernistas dividiam a
política partidária e a atividade cultural em São Paulo, bem como em
outros estados da federação. Eles ficaram ao lado das forças getulistas que
derrotaram os combatentes paulistas que pegaram em armas na luta pelo retorno
do Sistema Republicano ao Estado de Direito.
O projeto de poder dos comunistas influenciados
pela Rússia prosseguiu em sua caminhada estratégica para alcançar o poder
central no Brasil. Se não conseguiram se estabelecer com a coluna Prestes em
1926 e no comando do governo de São Paulo em 1932, desfecharam, a seguir, uma
ação conhecida como a Intentona Comunista de 1935. Tratou-se de movimento de
insubordinação e ação militar sob a liderança de Luis Carlos Prestes e
articulado pela Internacional Comunista da América Latina. Essa organização
marxista financiada por Moscou, tinha em seus quadros diretivos membros
oriundos de diversos países. Eram da direção desse comitê da Internacional
Comunista os alemães Olga Benário e Arthur Ernest Ewert , os argentinos Rodolfo
Ghioldi e Raniere Gonzales os quais, por estratégia política, tinham a nacionalidade omitida. O brasileiro que comandou a Intentona
sob a influência da Internacional Comunista foi o mesmo que os
acadêmicos usaram para batizar com seu nome a Coluna Militar insurgente de
1926. Agindo concomitantemente em com membros do Partido Comunista espalhados
por várias unidades militares no Brasil, a Intentona objetivava alcançar o
comando dos quartéis e depois, a exemplo de Vargas,tomar o Palácio do Catete no
Rio de Janeiro, destituir o militar gaúcho que o tomara em 1930, levando o
Brasil ao mesmo sistema político, econômico e ideológico que vigorava na Rússia
desde 1917. Os membros do Partido Comunista sob o comando de Prestes foram
derrotados no intento de tomar os quartéis, porém deixaram um numero razoável
de soldados mortos os quais foram assassinados enquanto dormiam dentro dos
alojamentos. Essa ação militar planejada pela Internacional Comunista e
comandada em território brasileiro por Luis Carlos Prestes, levou Getúlio
Vargas decretar Estado de Guerra no Brasil nos anos de 1936 e 37. É possível
perceber na História que essa estrategia, esse modelo de insurgência militar
com viés ideológico marxista haveria de se repetir de forma semelhante nos
demais países latino americanos durante todo o século XX.
A instabilidade provocada pela influencia da
Internacional Comunista e pela ação conhecida como Intentona Comunista, comandada em território brasileiro por Luis Carlos Prestes, desembocou
na decretação do Estado Novo em 1937. O gaúcho Getúlio Vargas, que havia tomado
o Palácio do Catete em 1930, fechou o parlamento e decretou-se, oficialmente,
ditador do Brasil em 1937. Na organização federativa do estado brasileiro a
partir da Proclamação da República em 1889, cada unidade ou Estado federativo controlava
sua própria identidade local tanto no campo jurídico e cultural como
no administrativo e político. A partir de 1937, com o Estado Novo,
o agora ditador Getúlio Vargas designou interventores para todas as
áreas da administração pública do Estado de São Paulo. Os interventores
passaram a administrar os recursos econômicos e a distribuição dos mesmos em
serviços públicos como o da educação, dos esportes, da cultura, museus etc.
Contando com apoio dos modernistas de 22, esses interventores mudaram o
conteúdo dos currículos escolares e das universidades públicas de acordo com os
interesses do Estado Novo. Interviram na economia fortalecendo
empresas e empresários simpáticos ao Estado Novo, enfraquecendo os que eram
ligados aos grupos políticos que foram retirados à força do poder. Além
da área agrícola relacionada ao café, podemos citar como exemplo da intervenção
do Estado Novo nas atividades empresariais, a Companhia Nitro Química
Brasileira. Essa indústria começou a ser instalada no município de São Paulo,
no bairro de São Miguel Paulista, por volta de 1935 com a participação direta
não só do Estado, mas do próprio Getúlio Vargas
A facilidade de transporte oferecida pela
ferrovia Central do Brasil, o preço da terra e a proximidade com o Rio Tietê e
com o Córrego Itaquera, foram os atrativos para implantação dessa indústria
química altamente poluente. A Companhia Nitro Química foi comprada dos Norte
Americanos que a haviam desativado. Ela foi desmontada lá e trazida em navios
até o porto de Santos e, em seguida, deslocando-se por via férrea
até o seu destino final; o bairro de São Miguel Paulista, às margens
e na proximidade da cabeceira do Rio Tietê. No primeiro dia de funcionamento,
por volta de 1938, causou mortandade absurda de peixes e outros animais que
dependiam da água do rio. O Tietê não seria mais o mesmo, como também os clubes
e a vida social que brotaram até então às suas margens. Nada mais pode
continuar usufruindo das águas do rio no trecho que cortava a cidade de São
Paulo.
O regime político implantado com o Estado
Novo durou de 1937 até o final da Segunda Guerra Mundial, em 1945. Nesse
período foram suspensos todos os direitos políticos, abolido os partidos e as
organizações civis. O Congresso Nacional foi fechado, assim como as assembleias
Legislativas e as Câmaras Municipais de todos os estados da federação. Líderes
do partido comunista e de outros matizes da oposição foram presos ou
deportados. Com a vitória em 1945 dos aliados na Segunda Guerra Mundial
(Rússia, EUA e outros), pôs-se um fim ao Estado Novo de Getúlio Vargas que
havia demonstrado simpatia pelas forças do Eixo que envolvia Alemanha, Itália e
Japão. A partir de 1945 foi restabelecido no Brasil o regime democrático
com todas suas representações políticas, inclusive com o retorno do Partido e
dos lideres comunistas.
Prestes,
líder e principal representante da Internacional Comunista no Brasil, preso em
1936 por conta da Intentona, foi anistiado em 1945, por pressão da Rússia
comunista que estava entre os aliados que venceram as forças
nipo-germânica-italiana na Segunda Guerra Mundial. O gaúcho, principal líder
comunista no Brasil, comandante da Coluna para a qual deram seu nome e
responsável pela deflagração da Intentona de 35, elegeu-se senador pelo Estado
de São Paulo. No discurso de campanha, em comício que se deu no Estádio de São
Januário, Rio de Janeiro, em 1945, por influência estratégica da Rússia através
da Internacional Comunista, Prestes, enquanto candidato a senador, defendeu a
continuação, no Palácio do Catete, do ditador do Estado Novo Getúlio Vargas, o
mesmo que o deixara encarcerado por 9 anos. Em seu discurso sustentava seu
apoio estratégico ao ditador e seu algoz; “pelos progressos alcançados durante
sua gestão”. Ocorre que Getúlio havia organizado os sindicatos e criado o
imposto sindical. Esse acordo com o Partido Comunista através da organização
sindical deu a Getúlio a base necessária para voltar ao poder em 1953.
Por outro lado a estrutura sindical passou a ser o principal instrumento de
instalação e manutenção das teses marxistas. A exemplo de Prestes, o
artista plástico modernista Cândido Portinari, filiado ao Partido
Comunista Brasileiro, também concorreu a um cargo político naquela ocasião. O
apoio dos modernistas/comunistas a Getúlio Vargas pode ser constatado quando
Cândido Portinari, pintor especializado em murais, havia sido contratado, em
1937, para confeccionar murais no prédio do Ministério da Educação, Rio de
Janeiro, sob a administração do governo varguista.
Em 1947,
antes da crise entre os EUA e a Rússia Soviética, e antes que o registro do
Partido Comunista Brasileiro ter sido cassado e seus membros voltarem à
clandestinidade, o senador e representante da Internacional Comunista, Carlos
Prestes, liderava uma bancada composta por 14 representantes do Partido na Assembleia
Nacional Constituinte. Muitos membros do Partido Comunista Brasileiro, eleitos
na Constituinte de 1946, prosseguiram, até o final do século XX, atuando e
influenciando os rumos da vida política, intelectual e cultural do Brasil. Seus
herdeiros tanto na área sindical quanto na política partidária estão hoje, na
segunda década do século XXI, ocupando os altos postos nas universidades
públicas e no sistema administrativo público brasileiro.
Fica
evidente ligação do Partido Comunista Brasileiro com a Internacional Comunista e
com Moscou. Essa influência se deu também na opção ideológica do perfil étnico
e cultural que se atribuiu a nacionalidade brasileira. Esse contexto de
influência ideológica pode ser evidenciado nas obras dos que foram considerados
os principais artistas e intelectuais da Semana de Arte Moderna de 1922. A
opção ideológico-étnico-estético dos modernistas é reafirmada na atuação do
senador comunista e comandante da Coluna Prestes eleito em 1946, o qual fechou
questão a favor da emenda nº 3.165, de autoria de um deputado carioca cujo
texto dizia: "É proibida a entrada no país de imigrantes japoneses de
qualquer idade e de qualquer procedência”.
Em 7 de maio
de 1947 o registro do Partido Comunista Brasileiro foi cassado pelo Tribunal
Superior Eleitoral da época. A ilegalidade é decretada pelo Supremo Tribunal
Federal, que se baseou em texto constitucional de 1946 que “proibia a
existência de partido político contrário ao regime democrático e contrário à
pluralidade partidária e que não garantisse os direitos fundamentais do homem”.
Como se vê, o texto de 1947 é muito semelhante ao que presenciamos nesta
segunda década do século XXI. A diferença é que, hoje, a Rússia comunista faliu
e os partidos comunistas brasileiros se declaram estrategicamente democráticos.
Lá em 1947, além da cassação do Partido Comunista, o Ministério do Trabalho
fechou a Confederação Geral dos Trabalhadores, (CGT), e interveio em mais
de 100 sindicatos que estavam sob a influência e controle administrativo do
Partido Comunista..
O Brasil rompe relações com a Rússia que estava sob o
comando de Stalin. No ano seguinte, 1948, uma lei aprovada pelo Congresso
Nacional determina a cassação do mandato de senadores, deputados e vereadores
eleitos pelo Partido Comunista Brasileiro. Os membros da bancada comunista no
Congresso Nacional que havia assinado a Constituição em setembro de 1946
tiveram seus mandatos cassados pelo Congresso em janeiro de 1948. O Partido
Comunista Brasileiro passa a atuar na ilegalidade ou clandestinidade. Esse
acontecimento reflete o inicio à Guerra Fria envolvendo os Estados Unidos da
América do Norte e aliados contra a Rússia e seus aliados reunidos na União
Soviética.
Como resultado da Guerra Fria, surgiu, nos anos 50, a
política Macarthista. O macarthismo foi criado por senador estadunidense e se
estabeleceu com a implantação do Comitê de Investigação de Atividades
Antiamericanas do Senado dos Estados Unidos da América do Norte. Toda
e qualquer atividade pró-comunismo ou pró Rússia estava terminantemente
proibida. Qualquer indivíduo que as estimulasse em território dos EUA estaria
sujeito à prisão ou extradição. No entanto, as formas encontradas para
continuar praticando política antiamericana e marxista e, ao mesmo tempo,
burlar e desmoralizar o macarthismo dentro dos EUA são inúmeras e
incontestáveis. Os marxistas não ergueram apenas monumentos dentro do
território norte americano, mas também marcaram com elementos ideológicos as
políticas culturais das décadas de cinquenta, sessenta e setenta e subsequentes
do século XX da Civilização Cristã Ocidental.
Os
elaboradores da política marxista dentro do território norte americano contaram
com o advento da expansão dos meios de comunicação de massa, principalmente
rádio e televisão e souberam pegar carona na indústria cultural e em movimentos
inspirados nas conquistas das liberdades individuais que se popularizaram logo
após a Segunda Guerra Mundial. Os comunistas cavalgaram, infiltraram-se nas
manifestações culturais como no Movimento Hippie, nos movimentos estudantis de
e 1968 em Paris, nos movimentos ambientalistas, alternativos, culturais, que
aconteciam no interior das grandes potências e democracias ocidentais.
Tudo aponta para um significativo, qualificado e bem
orquestrado plano que derrotou o macarthismo e o colocou de forma negativa do
outro lado da história, cujos reflexos, ainda hoje, já na segunda década do
Século XXI, podem ser identificados na opinião pública de parte dos estadunidenses.
Essa opinião de que o comunismo acabou-se com o final da guerra fria pode ter
sido sedimentado pelo bombardeio retórico e oportunista da política eleitoral
interna, pelo ufanismo ou erro de convencimento dos analistas. O fato é que os
norte-americanos continuam, ainda hoje, acreditando que a derrota do marxismo
ou do comunismo se deu com o fim da Guerra Fria e com a derrubada do Muro de
Berlim em 1989.
No entanto é possível entender como o marxismo sobreviveu e
frutificou em solo norte americano e por que, entre tantas outras ações, mudou
hábitos, culturas, comportamentos e determinou a derrota do macarthismo. Ocorre
que um bom número de intelectuais marxistas foi trazido da Europa para o solo
estadunidense. Trata-se dos intelectuais que haviam se reunido no Instituto
para o Estudo do Marxismo em Frankfurt, Alemanha, que tempos depois passou a se
chamar Instituto para Pesquisas Sociais na Universidade de Frankfurt, cuja
produção intelectual e política passaram a ser conhecida como "Escola de Frankfurt".
A Escola de Frankfurt foi fundada em 1924 por iniciativa de
Félix Weil. O grupo emergiu no Instituto para Pesquisa Social de Frankfurt da
Universidade de Frankfurt. Weil era um jovem marxista que tinha escrito a sua
dissertação sobre problemas práticos para se implementar o socialismo e seu
trabalho acadêmico foi publicado por Karl Korsch. Com a esperança de
reunir diferentes linhas marxismo em um único evento, Weil organizou
um simpósio com duração de uma semana em 1922, ( coincidente com o movimento da
Semana de Arte Moderna de 22 em São Paulo), que foi assistido por Georg Lukács,
Karl Korsch, Karl August Wittfogel, Friedrich Pollock e outros. O evento teve
tanto sucesso que Weil começou a construir uma sede e a financiar salários para
um Instituto permanente. Weil negociou com o Ministério da Educação para que o
diretor do instituto fosse um professor do Estado, para que assim o instituto
tivesse status de uma instituição universitária.
Com a
chegada de Hitler ao poder na Alemanha e a crescente ameaça do Nacional
Socialismo, os membros do referido Instituto criado por Weil, em sua maioria
judeus marxistas, migraram para Genebra (1933), depois foram para a
Paris e finalmente, para a Universidade de Columbia, em Nova Iorque (1935). O
jornal original do grupo registrado como Zeitschrift für Sozialforschung foi
renomeado de acordo com o novo local universitário e passou a chamar-se Studies
in Philosophy and Social Science. A primeira obra coletiva dos frankfurtianos
são os Estudos sobre Autoridade e Família, escritos em Paris, onde estes fazem
um diagnóstico da estabilidade social e cultural das sociedades burguesas
contemporâneas. Foi neste momento que muitos de seus importantes trabalhos
começaram a emergir, ganhando uma recepção favorável na academia inglesa e
estadunidense.
Horkheimer, Adorno e Pollock resolveram voltar à Alemanha Ocidental no
início dos anos 1950, porém Marcuse, Lowenthal, Kirchheimer e outros optaram
por permanecer nos Estados Unidos. A produção acadêmica desses intelectuais
estava voltada para desestruturar o modelo de sociedade dos Estados Unidos da
América do Norte e dos valores que estruturam a Civilização Cristã
Ocidental. É o que está contido nas diversas publicações que os mesmos editaram
e distribuíram dentro do próprio território norte americano. Os intelectuais da
Escola de Frankfurt, agora espalhados na Universidade de Columbia dos EUA e na
Alemanha, entendiam que a revolução e a discussão sobre o poder não passava
mais pelo controle da produção e do sistema econômico como afirmava Marx, mas
sim pelas mãos dos que controlavam as instituições culturais e comportamentais.
Dessa maneira a Escola de Frankfurt na Universidade de
Columbia expandiu seus princípios políticos e ideológicos para outras universidades
cooptando indivíduos que atuavam como críticos de arte, psicólogos, sexólogos,
cientistas políticos e outros. Criou-se uma vasta rede de especialistas
empenhados na reinterpretação do Marxismo que até então assentado em uma
vertente teórica de viés econômico para transportá-lo para uma ótica cultural.
Não é difícil entender, hoje, de como a produção acadêmica desses intelectuais
se disseminou nos movimentos culturais tanto nos Estados Unidos da América do
Norte como em todos os países inseridos na Civilização Cristã Ocidental.
Ao que tudo parece, o movimento representado pela Escola de
Frankfurt e engajado ao Partido Comunista soube confrontar também o
Macarthismo, ocupando espaços administrativos, enfim, vencendo-o. É possível
entender que a partir da ação da Escola de Frankfurt na Universidade de
Columbia, muitos comunistas ligados ao modernismo foram convidados ou aprovados
para participarem da construção cultural e arquitetônica de muitos
monumentos fora da União Soviética, a exemplo do que ocorreu com a ONU
e a UNESCO.
Durante o período Macarthista, a ONU - Organização das
Nações Unidas- que havia sido fundada ao término da Segunda Guerra Mundial,
estava se estabelecendo em Nova Iorque. Sua sede foi construída entre 1949 e
1952, durante o período de atividade do Comitê se Investigação de
Atividades Antiamericanas e, por mais estranho que possa parecer, diante
de tanto cuidado com os simpatizantes do marxismo e da Rússia, ocorreu um fato
que merece reflexão. Dos 50 estudos de diferentes projetos arquitetônicos apreciados
pelo comitê da ONU, o escolhido foi um desenho proposto por um arquiteto
filiado, desde 1945, ao Partido Comunista Brasileiro e a Internacional
Socialista, Oscar Niemeyer, amigo e simpatizante do líder da Intentona
Comunista que se deu no Brasil em 1935.
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