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quarta-feira, 7 de maio de 2008

ITALIANOS NAS ASAS DO VENTO. (Italiani sulle ali del vento.)

(PIGATTI, V, T., 2008)
          O norte da Itália, por dividir suas fronteiras terrestres com outros países europeus, se viu envolvido por todo tipo de influência quando se deu a guerra de reunificação. Os que eram contrários à reunificação foram derrotados no campo militar e político durante o século XIX, entre 1815 e 1870 por ocasião do Risorgimento. No entanto, ainda hoje, na segunda década do século XXI sopram nas campinas e nos Alpes italianos os ventos que trazem o perfume de Napoleão Bonaparte, do Império Austro-húngaro, dos Balcãs, brisas de Lutero e Calvino, ainda que esses impérios e essas influencias religiosas e ideológicas tenham se dado no século XIX e seus principais mentores excomungados do território italiano. 


             Embora o Vaticano não apareça na frente de batalha com armas bélicas, foi nesse mesmo século XIX, em 1870, que o Papa excomungou, pela arma burocrática do decreto, toda a população da região vêneta. Em outras palavras essa excomungação realizada pelo Vaticano significou uma declaração de guerra àquela população do norte da Itália. Qual o motivo? Certamente a população veneziana  foi excomungada por estarem na fronteira com países  influenciados pela Reforma Protestante. Com o decreto de excomungação entabulou-se a pressão política e econômica para forçar a população a se dissipar através do movimento migratório e assim esvaziar o território ao norte da Itália. 
         O quê  levou milhões de pessoas a abandonarem seus locais de origem no século XIX e XX? A exemplo do que aconteceu a outros países da Europa, na Itália um número significativo de citadinos, em sua grande maioria jovens, se viram obrigados a embarcarem em navios para serem distribuídos estrategicamente para o outro lado do atlântico, nos diversos países do continente Americano. Com a emigração esvaziou-se o território e eliminou-se qualquer resistência que pudesse se organizar  e se opor à dominação administrativa, econômica e política do Vaticano. 



                 Sem jovens para integrarem as organizações políticas e militares contrárias ao domínio papal, o Norte da Itália foi tomado pelo silêncio do vazio. Esses cidadãos expulsos de suas terras pelo Vaticano, foram levados para a América Latina e América do Norte, há milhares de quilômetros de lá. 
O mesmo processo ocorreu com a população do sul da Itália.  Culturalmente diferentes, italianos do norte e italianos do sul, foram empurrados para fora do território italiano. O Vaticano organizou e usou a migração  como se fosse exércitos  em campanha, em guerra.  As armas secretas eram culturais  e esses cidadãos as levaram consigo quando foram empurrados para fora da Itália. 
           Nos países da América Latina, abaixo dos Estados Unidos da América do Norte, foram levados os italianos originários do Norte da Itália. Por serem indivíduos que viviam nas fronteiras com países envolvidos com a Reforma Protestante, os italianos do norte foram entregues à Companhia de Jesus, braço do Vaticano e do Concilio de Trento, criada no século XVI para administrar  a educação nos países que foram colonizados por Espanha, Portugal e  pela igreja Católica Apostólica Romana. Para os EUA foram estrategicamente empurrados os italianos do sul da Itália que levavam consigo os formatos  culturais em relação a organização política de família e distantes da influência protestante que assolava a população do norte da Itália. 
           Grande parte da população que embarcou nos portos italianos foi recebida no Brasil pela mesma Igreja Católica Apostólica Romana que os fizeram emigrar da Europa. A Companhia de Jesus tratou de submeter os imigrantes de outros países da Europa ao espírito colonialista português. A quebra da identidade italiana do Norte continuou a ser efetivada pelos padres da Igreja de Roma no momento em que esses emigrantes desciam nos diversos  portos do Brasil e mesmo de outros países da América Latina. A Companhia de Jesus por 400 anos estipulou o modelo pedagógico para a educação e  se estabeleceu para atender as oligarquias portuguesas e espanholas com estratégias colonialistas para a exploração da madeira, da monocultura, da mineração artesanal e da mão de obra escravagista africana.
          Observando o estágio em que a Civilização Ocidental da Europa se encontrava e compara-lo ao estágio em que se encontrava os países colonialistas ibéricos,  os emigrantes, ao serem enviados para o Brasil, foram empurrados do topo de uma escadaria da Europa e da Igreja Católica Apostólica Romana para o inicio ou a base da civilização. Ao serem empurrados para os degraus mais baixos da civilização passaram a ser recolonizados por Portugal e pela Companhia de Jesus. 
            Essa condição histórica  pode ser  comparada  como a água de um balde  lançada no topo de uma escadaria que passa a descer em cascata para os degraus mais baixos. A Água que escorre para os degraus de baixo é a população europeia submetida aos portugueses e  aos espanhóis na América latina. Uma parte significativa da população da Região Norte da Itália que já havia conquistado e subido alguns degraus em direção as maiores conquistas da civilização ocidental europeia se viu obrigada a emigrar e recomeçar tudo lá embaixo, nos primeiros degraus do desenvolvimento econômico, social e cultural da civilização ocidental cristã no Novo Continente.


           Já no Novo Continente, na América Central e do Sul, os emigrantes europeus, tanto da Itália como de outros países da Europa Ocidental e Oriental, passaram a ser espanholizados  e/ou aportuguesados no modelo colonialista agrário e extrativista de Portugal e Espanha, sempre com a sustentação intelectual  da Companhia de Jesus da Igreja Católica Apostólica Romana  na retaguarda . A Cia de Jesus da Igreja Católica Apostólica Romana atuou como instrumento de sujeição e desconstrução da identidade original desses emigrantes. A cultura a que os imigrantes europeus, do final do século XIX e inicio do século XX, foram submetidos  pode ser comensurada  na  célebre afirmação do teólogo, humanista e historiador holandês, Gaspar Barléu, (1584 - 1648), em que diz; ultra aequinotialem non peccavi", (não há pecado abaixo do Equador ).
           Entre outras atrocidades éticas e morais, a escravidão do homem africano foi praticada e defendida até o inicio do século XX pelos colonizadores portugueses e espanhóis, com o consentimento silencioso da Igreja Católica Apostólica Romana. No entanto  esse "pecado" histórico passou a ser atribuído pelos escravagistas brasileiros aos povos oriundo de países europeus que nunca se envolveram com a escravidão africana. Alemães, poloneses, italianos, ao serem desembarcados nas Américas já no século XX,  receberam, por serem brancos ou Europeus, a corresponsabilidade pela política escravagista dos portugueses, dos espanhóis, dos franceses que a praticaram até o final do século XIX. Esse recurso de confundir e transferir responsabilidades históricas  pela escravidão dos africanos foi utilizado pelos historiadores portugueses e espanhóis, principalmente os historiadores  de influência ideológica marxista.  
         Os imigrantes ao serem depositado na América do Sul, passaram a frequentar um sistema de educação para o qual eles  deixavam de ser deste ou daquele país da Europa, de terem qualquer outra identidade para serem simplesmente "brancos",  como portugueses e espanhóis. Os europeus ao desembarcarem nos países da América latina sob a proteção da Igreja Católica Apostólica Romana, foram sujeitados às mesmas responsabilidades históricas anteriores às suas chegadas.  No caso do Brasil,  país foi o último das Américas a libertar os escravos africanos, os imigrantes italianos que não conheceram a sujeição do homem de origem africana à escravidão, receberam como herança essa culpa histórica. Como se não bastasse, por mais de uma centena de anos esses imigrantes passaram a ser  eram discriminados, não se viam reconhecidos com suas identidades originais e suas contribuições culturais  no contexto do sistema político educacional e cultural brasileiro. Foram ignorados  desde o dia em que desembarcaram e durante todo período em que se estabeleceram com suas famílias, mesmo para suas gerações posteriores de filhos, netos e bisnetos. Foram ignorados e perseguidos culturalmente  no território brasileiro, desde o XIX, passando  pelo século XX  e persistindo  até nos dias de hoje, primeiro quarto do século XXI  
          Reconstruir esse percurso histórico, desfazer esse jogo de responsabilidades, situar-se e identificar-se nesse processo é uma obrigação de todos os filhos de imigrantes europeus que não pertencem à esfera tradicionalista do cultuamento político/cultural dos mitos luso-católicos, hispânicos ou franceses. Não se trata de um processo histórico que tange apenas os italianos, mas que afeta  também os que, por motivos semelhantes, foram empurrados para fora da Europa  a partir do inicio do  século XX. Portanto inclui nesse processo histórico os próprios portugueses,  espanhóis,  alemães, poloneses e mesmo os africanos. Esse povos ao desembarcarem no Brasil foram submetidos, e ainda o são, ao perfil de exploração colonial que possui características econômicas, políticas, administrativas, culturais, intelectuais e religiosas específicas. 
           Não bastasse o retrocesso civilizacional das américas central e do sul, submetidas a 400 anos de domínio da pedagogia da Escola da Companhia de Jesus, os europeus que vieram para a América latina tiveram que se submeter ao cisma promovido por setores da própria Igreja católica Apostólica Romana latino americana. Ao final do século XX a guerra surda da Igreja Latina contra Roma teve como consequência a afirmação de identidades que excluíam os imigrantes do século XIX e XX. A Igreja Católica Apostólica Romana  da América Latina reafirmou-se no modelo dos jesuítas e requisitou para  si a identidade baseada na pobreza colonial agrícola do período da pré industrialização, declarando a posse da identidade nacional aos cidadãos que descendessem  da miscigenação de portugueses com africanos e índios ou entre esses aleatoriamente. 
       A partir de então passou a discriminar e intervir nas comunidades de origem europeia  que mantinham traços que as pudessem ligar à própria  origem. Entre os que sofreram esse tipo de intervenção, destacam-se as comunidade  de imigrantes italianos, poloneses,  alemães, entre outros. Nesse sentido, a igreja Católica Apostólica Romana Latino Americana  se identificou com as propostas econômicas e sociológicas  das organizações políticas de origem marxista e essa simbiose entre a Igreja  católica e o Partido Comunista está presente em toda a América Latina, nas representações governamentais e eclesiásticas, influenciando a eleição do Papa e as  decisões do Vaticano.


                   A distância entre os intelectuais europeus e a realidade da história dos imigrantes da Europa para a América latina é tamanha que  quando esses intelectuais abordam esse tema, não conseguem enxergar com outros olhos que não seja os olhos da velha e carcomida história da matriz colonial. Causam, desta maneira, um conflito razoável com os que desembarcaram aqui,  com os que pensam, com os que observam, com a realidade que esse vivem e experimentam. 
       Os imigrantes, ainda que subjetivamente ou de maneira abstrata, seguem, por diversas descendência, divergindo de valores como nacionalismo, identidade cultural, tradicionalidade, diversidade, religião, partidos políticos, educação, entre outros. O fato de ser empurrado para fora da Itália ou de qualquer país Europeu  não os separa atualmente da Europa, do lugar de origem ou do restante do planeta. Ao contrário disso, pode-se afirma que através da globalização do sistema de comunicação e das redes sociais,  o controle provinciano que tem sido exercido sobre os imigrantes, isolando-os deles mesmos e dos seus países de origem por quase dois séculos, finalmente se rompe.  A comunicação entre os cidadãos de toda parte do planeta rompe com o controle estabelecido a partir do isolamento entre os grupos de imigrantes e seu percurso histórico.  Indepentemente de governos ou da produção intelectual acadêmica, as identidades nacionais dos países da América Latina somente se sustententarão  se haver um processo cultural que reconheça, reproduza, promova e organize a autonomia, a produção e o intercâmbio das diversas etnias e suas contribuições para o processo econômico, social e histórico de cada país.(PIGATTI, V, T., 2008)

Valionel Tomaz Pigatti - (Léo Tomaz).



Currículo Lattes  http://lattes.cnpq.br/0781027245850748

Conflito cultural e ideológico na gestão das grandes cidades da América Latina

 ensaio.

(PIGATTI, V, T., 2008)

A ARQUITETURA DA FLORESTA

(A Flor que Não Morreu) .


               Vivemos ainda hoje sob influência do estado totalitário da esquerda marxista do século passado nas atividades políticas, administrativas, culturais e artísticas dos dias deste primeiro quarto do século XXI. Os políticos e intelectuais da atualidade foram influenciados pelas considerações dos pensadores marxistas a respeito da exploração econômica da Natureza e do seu papel no desenvolvimento e distribuição de riquezas entre os homens. Sendo assim é constatável que todas as áreas da atividade humana sofreram essa influência, incluindo a criação, a produção artística e acadêmica se estendendo ainda para toda a gama de profissionais liberais.
              É possível notar que as cidades estão marcadas por construções, planejamentos e administrações pautados nessa ótica: a ótica das cidades modernistas como resultado do olhar marxista. As urbes superpovoadas em razão da precariedade da vida no campo e das ofertas do desenvolvimento industrial que se deu  durante o século passado são a prova dessa relação de valores modernistas/marxistas. Esses valores permeiam o desenvolvimento econômico, a distribuição do homem no espaço físico e a sua relação com  a Natureza onde o primeiro despreza a convivência e até mesmo a existência da segunda. 
         Não é necessário, para o propósito deste texto, relatar os acontecimentos que envolveram a destruição da Natureza nos países que optaram por uma ou outra interpretação do ideário marxista de produção econômica, de energia, de habitação e de atividade industrial.
              Também  não está no foco deste texto  identificar pontos de simbiose entre marxismo e capitalismo que se manifesta quando o capitalista se utiliza das propostas  que lhes interessa feitas pelo marxistas. Entre elas pode-se se citar a da arquitetura marxista que propõe a distribuição do homem no espaço físico, razão pela qual surgiram os complexos habitacionais  coletivos e populares, como, por exemplo, a Cohab.
           Para ir diretamente ao assunto, a ferramenta que uso em todo meu trabalho tem por finalidade a desconstrução da desconstrução que os marxistas  impuseram aos fatos históricos e, como num processo semiótico de análise fílmica, separar as tramas das subtramas marxistas. Ou ainda, como um restaurador de obra de arte, retirar a camada  de tinta que os marxistas colocaram sobre a obra de arte, limpa-la até chegar a sua cor e padrão original, retirando todas as influências e todos os traços da nova pintura.
Feito isso, concluo sugerindo hipóteses que nos instrumentalizem para realizar interpretações do que teria acontecido e de como estaríamos hoje se a sociedade seguisse  naturalmente o desenvolvimento proposto pela Civilização Cristã Ocidental  ao invés de ter entrado por outra estradas como as oferecidas pelos Estados Marxistas, desde a Revolução Russa de 1917. 
          É preciso considerar o que poderia ocorrer se isso ou aquilo não tivesse acontecido, se estivéssemos hoje sem as influências modernistas/marxistas que balizaram, senão toda,  boa parte da produção, das negociações e dos acordos políticos do século passado em todos os países do planeta. Sua influência internacional, a principio emanadas do Campo Socialista liderado pela Russia, colocou ou tirou, em cada país, esse ou aquele intelectual do processo histórico, elevou ou obstruiu a produção cultural desse ou daquele artista em benefício dos que se sujeitavam, em nome da modernidade socialista, ainda que subjetivamente, a um mesmo princípio ideológico; o do marxismo. 
                 No Brasil esses acontecimentos podem ser observados nas atividades políticas, intelectuais e artísticas que ocorreram a partir de 1922 quando, entre outros fatos históricos, fundou-se o Partido Comunista Brasileiro. A produção intelectual baseada em interpretações do pensamento marxista foi tão intensa, volumosa e diversificada que sua presença cultural popularizou-se de maneira direta e indireta em todas as atividades humanas, ainda que muitos não tivessem qualquer contato com os representantes originais desse pensamento ou lessem publicações de  intelectuais marxistas estrangeiros ou sequer soubessem da existência dos mesmos.                       
               Apenas para lembrar um exemplo, é só observar o que tem ocorrido diante da expansão do movimento da reforma protestante através da Inglaterra e Estados Unidos da América do Norte. Diante do crescimento do movimento Protestante ou Evangélico, a Igreja Católica Apostólica Romana passou a apostar nos marxistas. A Igreja Católica Apostólica Romana passou a adotar elementos das teses marxistas aproximando-se do Campo Socialista. A partir da década de sessenta do século XX, buscar alianças com os  ateus foi uma das formas encontradas pelos representantes latino americanos da Igreja Católica Romana para barrar o crescimento das igrejas evangélicas na América Latina. 
              No entanto, para nós,  tudo começou a partir de 1922 como uma grande moda artística e filosófica que a principio se estabeleceu sob controle de um grupo de cidadãos privilegiados. A partir desta data foi alcançando toda sorte de indivíduos através da atividade centralizadora e monopolista do rádio, da televisão e do sistema de educação. A moda se espalhou tornando-se um produto político/cultural com elementos de conteúdo marxista devidamente popularizado e ao alcance de todo cidadão. 
              A arte ou o artista passou a ser selecionado a partir desses quesitos.Todo esforço dos modernistas e ou marxistas se deu e se dá no sentido de apagar o processo anterior seja ele arquitetônico, comportamental, de costumes, de moral e do comportamento ético cristão. Os marxistas agiram para que seu período de existência ideológica no processo histórico da civilização ocidental e oriental, não se desse mais a partir do nascimento de Jesus Cristo, a-C e d-C, mas se estabelecesse  em um novo marco a partir do nascimento de Karl Marx ou  da Revolução Bolchevique de 1917. O novo registro histórico de data se pretendia  agora assim:  a-M e d-M, antes e depois de Marx. 
                 Pode-se analisar vários segmentos da atividade política e social, porém o interesse deste texto está voltado  para alguns aspectos da estética e da arquitetura em relação a Natureza e ao Meio Ambiente Rural e Urbano. Trata-se  da já bastante discutida, Arquitetura da Natureza. Os partidos voltados exclusivamente para a questão ambiental foram organizados por indivíduos que eram frutos da defecção de partidos marxistas e da luta armada. Não tardou para que os Verdes entregassem sua agenda ambiental nas mãos de partidos políticos brasileiros como o PT e o PSDB. Vejamos a seguir como essa mistura, como a cavalgadura colocada na agenda ambiental pelos interesses ideológicos desses partidos de esquerda se manifestaram na administração pública de uma cidade latino-americana, em especial em de uma grande cidade brasileira, a exemplo de São Paulo. 
               No entanto, se a Agenda Verde foi diluída e desprezada em detrimento de outras agendas como a do MST, LGBT, MORADIA, LEGALIZAÇÃO DAS DROGAS, COTAS etc, é possível desimpregnar a Agenda Verde entregue aos partidos marxistas e retomá-la no seu curso que, se natural, contemplaria todas as atividades humanas onde o Homem estabeleceu uma relação de uso necessário e prazeroso com a Natureza. Isso pode nos levar a contemplar o percurso ambiental que passa pela Fontana di Trevi em Roma até a o chafariz na praça pública do bairro da Aclimação, região central da cidade de São Paulo, Podemos ainda realizar o percurso ambiental  que passa pelos jardins do Palácio de Versalhes na França até o Vale do Anhangabaú no centro da cidade de São Paulo. Diante desses fatos,  podemos afirmar que é possível recuperar a Agenda Verde no seu sentido original, limpo e conservador.

                                        VERDE, LIMPO E CONSERVADOR


                   Para suplantarmos, no espaço viável do planeta Terra, a distância entre dois pontos procuramos o caminho mais reto e pelo qual se gasta o menor tempo possível. O propósito de chegar a determinado ponto descarta qualquer outra alternativa que não seja atingir essa meta na menor distância e maior velocidade. Tudo o que está no caminho, toda a paisagem, deixa de ter significado ou é ignorado. 
                No pensamento   cartesiano é necessário primeiramente duvidar de todo conhecimento acumulado anteriormente sobre um determinado assunto. Entre outras coisas, nos induz a desprezar qualquer objetivo que não seja aquele para o qual estamos nos dirigindo ou para a tarefa para qual colocamos nossos esforços ou o nosso trabalho. É um exercício cientifico cujos resultados tem aprimorado o conhecimento humano e colocado algumas culturas em estágio mais avançado que outras, principalmente no que é pertinente ao desenvolvimento tecnológico e cientifico. Mas essa forma de aplicar esforços para sair de um ponto e chegar a outro não tem bons resultados quando se trata da relação do Homem com a Natureza, do Homem com o Meio Ambiente, quando tratamos do Homem na relação consigo mesmo, com sua própria existência em elação ao meio em que vive, do seu compromisso com o trabalho e com a vacância, da necessária convivência e equilíbrio entre o momento cartesiano e o momento fragmentado, natural, prazeroso, momento esse em que o homem se relaciona com a Natureza no seu sentido mais ancestral, mais atávico.
                Como se fosse possível que pudéssemos raciocinar sob o ponto de vista do Meio Ambiente ou sob o ponto de vista da Natureza, imagina-se que ela não manifesta as mesmas preocupações do Homem. Como Homem podemos observar que a Natureza, na maioria das vezes, se manifesta de uma forma arquitetônica, cuja estética  é interpretada como obstáculo para os objetivos do desenvolvimento humano. Obviamente que isso se refere à Natureza paupavel, aquela que pode ser vista e tocada. Essa compreensão e manifestação de tempo/espaço retilíneo e veloz têm um aspecto de assepsia quando de sua concepção e aplicação nos projetos arquitetônicos. De uma maneira geral essa concepção tem origem no modernismo e nos seus elementos estéticos de influência marxista.  
               Como exemplo, podemos referenciar o conjunto arquitetônico que sedia o governo central do Brasil em Brasília. Esse conjunto arquitetônico não reflete uma herança cultural milenar e ocidental, portanto os palácios serão logo descartados, tanto pelo imediatismo da sua concepção quanto pela miséria moral e material que se instala nos seus arrebaldes e mesmo dentro deles. Dentro deles ela, a miséria, se instala como conceitos ideológicos,  ou para obter o apoio do lado de fora ou simplesmente para justificar o poder.  Nesses monumentos da moda moderna em que habitam os poderes legislativo, executivo e judiciário,  a água escorre o mais rápido possível, sem empoçar e leva  com ela o pó acumulado mantendo a superfície asséptica e fazendo com que a cor resista por mais tempo, gastando menos com os serviços de manutenção. 
                  A manutenção nunca foi um exercício profissional exigido na cultura brasileira dada a característica de desenvolvimento econômico exercitado desde a colonização que, ao invés de consertar jogava-se fora e importava-se outro novo. Os palácios de Brasília tem como telhado  uma lage retilínea e horizontal, impermeabilizada com betume, ponteado por caixas dágua e outras parafernálias mecânicas e eletrônicas. Telhados que parecem que foram idealizados considerando apenas quem os admira do chão, pois que nem mesmo há elevações naturais nas proximidades por se situarem numa vasta planície. O arquiteto previu alguns olhares sobre o telhado por indivíduos privilegiados acomodados em assentos de um avião, jamais imaginou a devassa do espaço aéreo promovida pelos drones e pela popularização do espaço aéreo.    
                 Como não há telhado no sentido tradicional com seus declives e águas, a lage dos palácios, que são tão comum nas favelas do Rio de janeiro, não poderão ser ocultada s por conta do desenvolvimentos dos transportes aéreos, evolução tecnológica que não fora imaginada pelos autores dos projetos palacianos. De cima se via apenas o betume preto que foi sendo substituído por produtos importados menos agressivos e mais eficazes que evitam  infiltrações de chuva e tornam mais discretas a presença de  caixas dágua, antenas e cabos elétricos.
                Essa manifestação arquitetônica não é artística, pois tem caráter ideológico, tecnicista e não cultural. (... porque a cultura, pensada como um conjunto de idéias, valores e conhecimentos, traz dentro de si, em primeiro lugar, a dimensão do passado. Muitos conhecimentos foram herdados de outras gerações, não estamos começando do zero, muito pelo contrário,  a cada ano que passa acumulamos mais conhecimento. Cada vez mais a dimensão cumulativa, a dimensão de passado, se impõe. É extraordinário como a nossa memória tem que ficar cada vez mais enriquecida, porque o tempo passa e a memória cresce proporcionalmente.( Alfredo Bosi)). Portanto, em relação a Agenda Verde, não se apaga o passado e nem o conhecimento acumulado e aplicado ao Meio Ambiente e a experiencia milenar da relação de trabalho e prazer do Homem com a Natureza.


DA NATUREZA II
(em construção)

Olhe,

Quem dá vida às pedras dá ao Boitatá, ao Saci,
Quem dá vida à Lua dá ao Curupira, ao Lobisomem.
Quem dá vida às águas escuta conversa das corredeiras e dá vida à Mãe d'água, a Iara, ao Boto Tucuxi,
Quem ouve a música do mar dá vida à Sereia, à Netuno, que não me fazem mal nenhum, nem à inteligência, nem à natureza ... 
E você ainda olha para o céu e consegue apenas ver estrelas?
Olhe, não apenas a preservação das espécies, mas também as cores, as folhas secas, os troncos caídos, os emaranhados, as silhuetas. Não apenas o que está vivo... e sim de todas as composições e decomposições, todas as linguagens, todas as manifestações ...
E você ainda vai aos cemitérios e consegue apenas ver mortos? Olhe, não apenas para quem está vivo, ou quer estar vivo, mas quem queira mais que isso queira também a visão da arte, a sensibilidade, o desejo, a alegria, a tristeza, a solidão, a emoção, a sensação, a imaginação de todas as composições estéticas, os beijos, os abraços, festa e construção, sonhos, poesias, encontros casuais, a vida depois da morte...
E você ainda olha para o vale e consegue somente ver flores?


Léo Tomaz ( Valionel Tomaz Pigatti) 28/07/2003


                       Os minérios e os minerais estão no cenário da floresta e no conjunto arquitetônico da Natureza da qual a Arquitetura da Floresta deveria representar. Porém a manifestação estética dos minérios e minerais tem sido considerada um obstáculo entre os dois pontos, o de partida e o de chegada. Pode-se tomar como exemplo o que ocorre em relação as pedras, pois há uma tendência em estender o piso da sala dos gabinetes dos administradores para todos o território que vai muito além da sala, para dentro e para fora das cidades. Toda e qualquer pedra passa a ser obstáculo. Sem deixar de reconhecer a grandiosidade de Carlos Drummond de Andrade, que em um de seus milhares de versos, repete a frase "tinha uma pedra no caminho",  usada,em analogias, para identificar as dificuldades. A ideia que prevalece é de partida e chegada e não de percurso. Onde estou e onde quero ir, o que vejo e o que quero ver. Os elementos da realidade que preenche o espaço entre os dois pontos e os elementos que se apresentam durante o percurso são desprezados. Como o percurso depende do objetivo de cada itinerário o desprezo pelos elementos que preenchem o espaço é variável para cada qual e, ao mesmo tempo, preponderante para o conjunto. A Pedra é parte, sombra, casa, é marco, Onde escrevemos em linguagem rupestre pela primeira vez. A pedra é parte, paisagem, descanso, abrigo, onde te desenhei pela primeira vez.

 Conflito cultural, ideológico e ambiental dos chafarizes

                        Outro exemplo da manifestação ideológica e cultural sobre o espaço comum, sobre o espaço público pode ser observado no que ocorreu com os chafarizes na Cidade de São Paulo e em cidades do interior do Estado. Os chafarizes foram destruídos dando lugar a espaços abertos, retilíneos e concretados. É o que ocorreu, por exemplo, com o Vale do Anhangabaú, Praça da Sé, Praça Oito de Setembro no Distrito de Penha de França e no Bairro da Aclimação onde, não se sabe se por esquecimento ou descuido dos administradores urbanos como prefeitos e vereadores, ainda existe e está preservada a caixa original do chafariz. 
Caixa do chafariz do Largo
do Cambuci,SP- Capital.
                     Entre muitas outras, uma das conseqüências da eliminação dos chafarizes na Cidade de São Paulo pode ser medida na diminuição da umidade relativa do ar no verão e até mesmos em outras estações do ano. O chafarizes tinham um caráter lúdico, estético, cultural, ocidental, milenar e de saúde pública. Eram construções que compunham com a natureza na medida em que auxiliavam na manutenção da umidade relativa do ar, sempre muito crítica nas grandes cidades modernizadas onde a presença do asfalto e do concreto cobrindo o terreno são preponderantes. O Chafariz era a bacia de água que hoje se coloca em casa nos momentos em que o ar está muito seco. Eles teriam um papel importante nas urbes nas quais  se acentuam os processos de poluição, de canalização de córregos e nascentes de água. 
            Pode-se ver ainda que a destruição dos chafarizes contém, em seu bojo, elementos culturais, conceituais e estéticos discriminatórios. Ações que podem estar pautadas em conceitos de caráter cultural, ideológico e político. Esse tipo de interferência no meio ambiente identifica a ação de individuo estranho que administra mudanças em um ambiente que não é o seu, para o qual migrou. O individuo estranho tenta moldar o ambiente do outro de acordo com seus valores estéticos, ideológicos e culturais. Portanto é possível observar no meio ambiente a visão de mundo, o gosto ideológico crítico do interventor. 
Fonte Monumental. Praça Julio Mesquita.
De Chafariz a urinódromo. Governo, prefeitos e
vereadores  de esquerda ou oportunistas
colaboraram para a destruição dos
 Chafarizes por entenderem que são desnecessários,

ou que são ideologicamente ofensivos aos mais pobres,
ou que são manifestações europeias e da "burguesia".
 

               É possível identificar a ação do interventor e de sua vivência ambiental, de sua experiência pessoal nas obras e concepções que ficaram registradas na construção de Brasília, a capital da federação brasileira. Obras que em nada se identificam com o local ou a cultura das populações em que está situada, mas que registram a disputa e o conflito que marcaram profundamente o século XX e ainda tem presença nas ações subjetivas e objetivas em todos os comportamentos e manifestações das relações sociais deste primeiro quarto do século XXI. 
              Pode-se afirmar, portanto, que um individuo estranho a uma determinada região,  individuo esse que pertence a um grupo com determinadas características culturais e ideológicas, ao ser eleito para um cargo executivo ou administrativo em um lugar onde não nasceu, não se criou, não experimentou a adolescência e a maturidade, busca substituir o que existe pelos valores estéticos, culturais  e ambientais que foram adquiridos na sua infância, juventude e maturidade. 
              Dessa forma o administrador reproduz no novo ambiente os elementos que experimentou e conheceu em seu lugar de origem. Faz isso como uma forma natural de se sentir bem e de estar representado no novo meio ambiente. Para tanto, muda praças, recolhe estatuas,  incentiva determinadas manifestações populares em detrimento de outras.  Se tem uma indisposição ideológica com as classes mais abastadas certamente tolerará a presença de mendigos  e desocupados em lugares  onde hajam  praças pelas quais transitam pessoas aparentemente abastadas. Tolera e incentiva a acomodação de mendigos e e desocupados nas cercanias dos  prédios que o administrador e seu grupo ideológico identifica como símbolo de poder financeiro e de valor cultural dominante. Se tem uma cultura de privação de água, certamente concorrerá para desprezar os chafarizes como se o mesmo fosse uma experiencia passada descartável,(carteziano, marxista), ou  olhará os chafarizes como um esbanjamento e soberbia diante da própria experiência que se arrastou com a seca e com a sede.
Caixa preservada do chafariz da Praça General Polidor, Aclimação, São Paulo, Capital
              Portanto é possível separar o que é ambiente conservador na medida em que damos preferência pela  experiencia cultural e estética de quem está, apresentando essa experiência a quem chega.


O quintal do vizinho

Tenho mudado de janela, mas meus olhos procuram o mesmo horizonte
Nossa ! Quanta estrada caminhei!
Os meninos fazem as pipas planar sob o infinito azul.
Pelo meio das poucas árvores do quintal os raios de sol lambuzam de brilho a capa do coqueiro e se jogam no chão de terra preta.
Eu me vejo lá em meio as árvores juntando gravetos, preparando um fogo, dormindo em uma cabana milenar completamente integrado ao Universo
Nossa ! Quanta estrada caminhei!
Meus olhos no horizonte azul procurando sinais na vastidão
Se não me houvessem barreiras físicas por onde iria caminhar agora?
Mudo de janela, mas meus olhos procuram o mesmo horizonte .
Tudo dá lugar às pessoas e às suas casas.
Não é pelas árvores que reclamo agora é por um simples pé de vassourinha, uma serralha , um mato silvestre qualquer, uma nesga de terra, uma rosa no cimento quebrado da calçada, ou a manifestação delas em um terreno baldio.
Nada, nem um matinho, do mais frágil e pequenino se manifesta em pátria imobiliária, em pátria inquilina, onde ninguém habita bem! A fumaça das folhas e dos gravetos queimando no quintal do vizinho entra pelas minhas narinas e eu viajo pelo tempo da espécie dos da minha laia.
Nossa! Quanto caminho caminhei!

(Valionel) Léo Tomaz 2001


Viadutos

                     Os projetos arquitetônicos nas urbes do século XX não levavam em consideração o equilíbrio ambiental. A visão modernista e desenvolvimentista criou estruturas de pensamento que na maioria das vezes desprezaram o meio ambiente ou às outras formas de vida. A natureza tem feito um esforço inusitado para se recompor com a obra humana e os projetos urbanos. Em sua manifestação a natureza tem se comunicado com nós por entre as nesgas das colunas de concreto dos viadutos e outras arquiteturas, indicando a necessidade de sua presença e insistindo para que reconheçamos a importância dela estar nos projetos estéticos e arquitetônicos.


UM MURO
Há uma beleza em mim que floresce
húmus que brotam de meus sentimentos molhados pela chuva
de desejos como o tronco, galhos e folhas do arvoredo, 
a grama o capim e as plantas rasteiras, 
como o molhado da boca, do lábio, 
como a chuva, que umedece meu corpo, 
me envolve de um segredo, 
como sonho, único. 
Meu corpo molhado converte-se em chuva molhando-te.
E brilho em teus olhos como as gotículas dos pingos
 presas no lilás da flores de sino, 
nas ramas dependuradas na parede do muro, 
que se abre em fendas 
deixando passar o mínimo do mais forte, 
dos menores, mais sensíveis e persistentes 
instantes de desejo.
(Valionel) Léo Tomaz 17/3/1993


                            No plano estético o Belo sob a influência moderna que marcou os três últimos quartos do século XX, ainda é traduzido em linhas retas ou curvas "retilíneas", sendo que uma das pontas da curva está abaixo do nível do centro, como uma cuia sempre lançando o seu conteúdo para fora. Os acidentes de percurso ou os detalhes entre um ponto e outro, entre o inicio e o fim de cada peça do conjunto arquitetônico são desprezados. A obra foi projetada para ser vista por inteiro, pois só assim ela impressiona e obtém o significado desejado pelo autor do projeto. Dessa maneira a obra arquitetônica ao ser registrada e reproduzida em fotografia ou película só tem significado se for captada por inteiro. 
                    Essas construções arquitetônicas utilizam, de forma imediata,  a Natureza existente naquele momento como pano de fundo, como, por exemplo, um canal marítimo, um rio ou um braço de mar, o horizonte de uma planície ou de um planalto. A Natureza está ali em segundo plano, como a tela de pano onde o pintor desenha sua gravura, neste caso a ponte ou um conjunto arquitetônico. Para quem idealiza o projeto, a tela de pano ou a Natureza, possui papel imediato, imutável e pouco significativo em relação a gravura. 
                   Por esses motivos é  necessário entender,  já neste inicio do século XXI,  que é necessário para a questão ambiental  que se faça a desconstrução desses instrumentos ideológicos que dominaram o século passado. Por quase cem anos esses instrumentos ideológicos de interpretação e interferência na natureza  se fizeram representar materialmente e na administração da coisa pública, na agenda política e econômica. Essa desconstrução deve alcançar as concepções artísticas e todas as relações humanas e delas com o Meio Ambiente.
                     A influência modernista e marxista pode ser constatada em todos os países das Américas, em alguns mais e em outros menos. Até mesmos nos movimentos  que se dispuseram a pesquisar e construir a relação equilibrada entre o Homem e a Natureza tem ocorrido equívocos. Muitos ambientalistas  que surgiram a partir da década de setenta do século XX confundiram-se com o pensamento ideológico modernista ou foram contaminados direta ou indiretamente por elementos do marxismo e, portanto, devem ser também objeto de desconstrução. Outra responsabilidade pelo esvaziamento da Agenda Verde ou das preocupações ambientalistas pode ser conferida a partidos políticos que agregaram questões ambientais aos seus programas com objetivo de ampliar a cooptação de eleitores. Com a falência dos instrumentos ideológicos desses partidos marxistas ou cartoriais,  as questões ambientais  naufragam junto com eles. Na medida em que foram transferidas para a agenda desses partidos, a Agenda Verde ficou para a população como uma ideia pertencentes a essas organizações partidárias e ao processo ideológico que as levaram ao poder no século XX e as desprestigiaram no século XXI. 
                 Pode-se considerar que a diminuição do interesse geral pelas questões ambientalistas, neste momento, deve-se também a fragilidade das organizações não governamentais, as quais, em função de seu próprio crescimento burocrático e financeiro, tornaram-se economicamente dependentes e passaram a agir como apêndice dos interesses políticos e econômicos de partidos ou de grupos políticos que estão no poder. 
                O que sugiro  com esse argumento é a necessidade de uma proposta de interpretação da realidade que se desvencilhe do que nos é estranho no século passado e que  retome nossa linha do tempo  contemplando  a questão ambiental, a arte, a arquitetura e as outras manifestações humanas do universo da civilização ocidental. Sendo assim entendo que os viadutos servem de referência para reinterpretar o restante das atividades urbanas. 
                 Eles, os viadutos, devem ser compostos com outros valores estéticos proporcionados pela Natureza e atender as outras necessidades dos cidadãos que não apenas a de levar veículos automotores de um lado ao outro. Os viadutos devem contar com uma área verde em todo o seu percurso contemplando as espécies naturais da região em que ele se situa. A área verde deve ter boa metragem para acolher as espécies e abrigar outras manifestações da vida selvagem. Essa metragem deve ter o comprimento do viaduto e sem economias na sua largura. Servirá, em locais de auto estradas, como canais para que os animais silvestre transitem com segurança entre um e outro lado da mata cortada pela asfalto. Não estou me referindo aos cuidados dos  paisagistas, no entanto a área verde tem que ser cuidada, mas respeitada na arquitetura natural que é a Arquitetura da Floresta.

A FLOR QUE NÃO MORREU

Desabrochou assim em meio as outras selvagem
Estendeu seu caule em meio do verde das rústicas
Veio assim à tona nesse infinito de folhas
E deu-se assim, em flor, aos meus olhos
De tantas pétalas vermelhas formou-se um buquê
Suave, aveludado, quase realizando,
(pelos desejos que expressou-me com sua beleza)
a cópula animal-vegetal
Ela flor eu um homem
E só lhe falta os movimentos
Mudam as estações, ela se cansa, mas não perece
Colori a natureza quebrando a uniformidade do verde, a monotonia
Renasce em si mesma, revitaliza-se
Fita-me na distância que separa as espécies
Enamorados, num desejo mútuo,
rompo a barreira física
e a fecundo com o sêmen da poesia.
Léo Tomaz 7/12/87

ARQUITETURA DA FLORESTA

                       A floresta natural tem manifestado uma arquitetura cuja composição é vista como caótica por algumas civilizações, de formas que seus paisagistas se empenham em ajeitá-la. No entanto essa composição considerada caótica não impede traçados e trânsitos do Homem e de outros animais pelo terreno. A floresta oferece o espaço para esse trânsito porque ela é dependente dos outros e de inter-relações com as outras espécies de aves, mamíferos e outros que transitam por ela. Se a floresta em sua expressão se comunica com nós, outros, desobedecendo aos conceitos humanos de espaço, tempo cronometrado, composição estética, separação entre vida e morte, pressa, reta, meta, distância, etc, cabe ao outros diversos animais escolherem dentre os caminhos que ela oferece. Na sua relação com os humanos e vice versa, os conceitos de ambos os lados devem se empregados de forma respeitosa e equilibrada. Em sua manifestação estética a Natureza oferece uma grande quantidade de formas no espaço captado pelos olhos humanos. Um indivíduo na floresta, ao observar o espaço à sua volta, depara-se com o elemento quebrado e o elemento em decomposição como parte integrante do quadro. A visão do observador depara-se também com um tipo de terreno onde o quadro estético apresenta a pintura daquele contexto de floresta.


DA NATUREZA.
( em construção)

Não há mais natureza morta,
O galho no chão, a folha ao vento,
O bicho em putrefação,
O caminho, a pedra,
Tudo é vida
Tudo tem o que dizer
Tudo se movimenta,
Tudo se transforma
Tudo é parte do cenário
Parte de uma ou outra história..
Não há mais natureza morta,
Tudo tem o que dizer,
Tudo fala, tudo diz.
O copo quebrado, o rio, o caco.
A escultura, o quadro, a ponte que construí.
Não há mais natureza morta,
Nem mesmo a Lua,
Nem mesmo o toco queimado,
Nem mesmo a casa,
Nem mesmo a porta
Por onde entro,
Por onde saio.
E se te negas à minha dança, inerte, num canto,
Sozinho, solitário, parado, estanque,
Saibas que estarás sempre dançando.
no baile do Universo.

...e subitamente  em Águas Espraiadas, aparece cópia de uma ponte moderna de modelo importado. Ela se debruça sobre o rio  Pinheiros fétido, cuja cópia da cópia é paga para se repetir também  no Tietê paulistano impestiado e vai assim se reproduzindo por todo o território brasiliano. (PIGATTI, V, T., 2008)




Valionel Tomaz Pigatti. (Léo Tomaz)
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