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terça-feira, 23 de dezembro de 2014

A diferença de Caridade e solidariedade.

The difference of Charity and solidarity.
                                                                                    (PIGATTI, V, T., 2014)

               Sinto falta dos debates acalorados que se davam com amigos de posições divergentes e com os poucos que somavam comigo nas opiniões. Foi assim em muitas noites que se tornaram inesquecíveis e marcaram boa parte da história que ultrapassou um quarto de século de existência da Casa de Cultura da Reversão Paulistana. Os conflitos de ideias e de interpretações da realidade nos permitiram exercitar a reflexão preparando alguns para superar as decepções políticas e culturais desse início de século XXI aqui no Brasil. Pode não se enquadrar do ponto de vista da formalidade e da cientificidade, mas a Casa de Cultura da Reversão me pareceu, em alguns momentos, uma escola que oferecia curso Acadêmico pelo tanto que exercitei e aprendi. Obviamente que ao chegar à rua Hermilo Alves, 569, na Vila Ré, cada qual trazia consigo experiência, conhecimento, herança, vícios, influências e convivências.  A Reversão Paulistana permitiu esse exercício. 
               Sob o ponto de vista pessoal,  o mais complicado, o mais difícil no exercício de refletir sobre a realidade sempre foi a necessidade que tenho de identificar, desopilar, limpar, desinfetar de meu próprio discurso os valores e interpretações que me foram introjetados através da educação e da cultura por esse ou aquele interesse ideológico,  político partidário, dos colonizadores originais, de grupos ligados ao Movimento Modernista e ao pensamento marxista que preencheram boa parte da produção intelectual e artística do século XX na América Latina. Custou-me identificá-los e  separar suas influencias  dos valores subliminares e atávicos que estavam embotados em mim e que me foram transferidos por herança milenar de meus antepassados. Valores, esses, que embora estivessem adormecidos ou controlados pelo bombardeamento de interesses da educação e da cultura local, eram como reserva substancial para que, na medida em que os mesmos viessem à tona, fossem recuperados e reapresentados, propiciando-me identidade, coerência e a descoberta de mim mesmo
               No momento em que esses valores que estavam embotados em mim foram aflorando, passei a enxergar, por eles, os instrumentos de manipulação no discurso e comportamento desse ou daquele sujeito, dessa ou daquela instituição política e social, bem como o que era e o que não era da minha essência cultural. Por esses valores que resgatei consegui identificar discursos diferentes, mas que tinham a mesma base cultural, a mesma formação, resultantes dos mesmos interesses ideológicos, objetos da mesma estratégia de grupos de poder. Recuperando esses valores milenares que estavam em mim, desfragmentei-me, situei-me como indivíduo integro e milenar no contexto local e no planeta. Quando comecei a montar a Casa de Cultura da Reversão ao final de 1985, já havia me desvencilhado de boa parte das influências dos discursos políticos partidários que marcaram a década de setenta e que, ainda hoje, 2015, se mantêm vivos, na ordem do dia e no poder na América Latina. 
          Para exemplificar como os valores de minha herança cultural e milenar, me ajudavam a identificar o discurso estranho à minha realidade, vou discorrer sobre um fato que se deu no inicio dos anos 2000,  quando sentei ao lado de  um amigo no bar da Casa de Cultura Reversão. O amigo  se referiu ao escritor Eduardo Galeano que em um de seus livros dizia assim: “Eu não acredito em caridade. Eu acredito em solidariedade. Caridade é tão vertical: vai de cima para baixo. Solidariedade é horizontal: respeita a outra pessoa e aprende com o outro. A maioria de nós tem muito o que aprender com as outras pessoas”. 
       Antes de prosseguir com a avaliação da afirmação desse escritor, acredito que não é intelectualmente saudável reproduzir ou mesmo ler algo de qualquer autor sem antes conhecer seu comprometimento, sua história pessoal, sua fonte política partidária e filosófica. Ao se ler Galeano, a preocupação com o currículo e a história desse autor é a melhor forma  que temos para entendê-lo.  Da mesma forma  deve ser feito com a minha história, já que passo a escrever sobre o que Galeano afirmou. É óbvio que reconheço a distância que nos separa na projeção social como escritores. No entanto, hoje já não tenho certeza se  possuo mais ou menos importância, se tenho mais ou menos conhecimento empírico ou intelectual, mesmo sendo algo de conhecimento publico que Galeano tenha se consagrado como escritor tanto para o mercado literário quando para os registros acadêmicos
              A obra  de Eduardo Galeano que se destacou é, sem dúvida, As Veias Abertas da América Latina. Nela esse autor analisa a História da América Latina argumentando contra a Europa e os Estados Unidos da América do Norte como sendo os exploradores econômicos e políticos do povo latino-americano. O autor  sempre fora  influenciado pela estratégia política e cultural da Internacional Socialista, organização política marxista que ainda nos dias de hoje exerce influência na produção literária do Brasil e de outros países do planeta. O livro de Galeano tornou-se um clássico entre os membros da esquerda latino-americana pró União Soviética ou pró Rússia, pró China, pró Albânia ou Cuba,. Esses países eram referências para os partidos comunistas espalhados pelo mundo e unidos na Internacional Socialista. Eram esses países com sistema de governo marxista que  influenciavam e financiavam economicamente atividades políticas e culturais dos partidos e dos grupos de esquerda marxistas por todo o planeta. A principio, e desde 1917, o financiamento e a promoção vinha da União Soviética que se desintegrou com a derrubada do Muro de Berlim em 1989.  Mesmo assim, muitos desses militantes formado antes da queda do muro de Berlim, como já anotei em outros ensaios, ainda hoje estão em atividade na vida pública, cultural e acadêmica da sociedade latino-americana e mesmos em organizações internacionais como ONU, UNESCO, OEA etc. De formação marxista, Galeano foi um deles. Ele trabalhou como editor do Jornal Marcha, semanário da esquerda uruguaia nos idos dos anos 60/70. 
           Sem deixar de respeitar o vasto trabalho de Galeano, atenho-me apenas a identificar os motivos ou a falta de motivos que levaram esse autor a optar por solidariedade em detrimento de Caridade. Certamente Galeano não se apoiou nos conceitos de "solidariedade mecânica e orgânica" que Émile Durkein conceituou no século dezenove. E mesmo que sustentado em Durkein, Galeano teria cometido erro de convencimento já que, atualmente, no inicio do século XXI, o embate entre ciência X religião que alimentou  a produção de intelectuais no conflito de interesses entre socialismo e capitalismo durante o século XX, já não tem importância política. Agora, no século XXI, Ciência e Religião são campos distintos e caminharão juntos, que um não afeta o outro. No entanto a forma leviana como Galeano abordou a Caridade denota que a sua maior preocupação era de destruir valores da civilização cristã atendendo com isso a estrategia politica da organização marxista da qual  participava e que, por isso, o promoveu. .
         Identificado o inimigo, é preciso então compreender que a Caridade para nós, Cristãos Ocidentais,  trata-se de um Dom de Deus, materializado na ação de Jesus Cristo através de sua Doutrina, responsável pela construção da ética e da moral do indivíduo ocidental (também de cristãos por todo o planeta) nestes últimos dois mil anos. A Caridade é a Perfeição e está ligada diretamente à figura de Jesus Cristo. Mesmo em dose homeopática, o exercício da Caridade sedimenta valores éticos e solidifica o respeito à Dignidade Humana. A Caridade habita no ser humano e é um instrumento de sobrevivência, exercitada mais comumente pelas mulheres. Manifesta-se em indivíduos espiritualmente sofisticados, que, por vários motivos, atuam onde a desigualdade entre os Homens se manifesta, quer por deficiência física e mental, por catástrofe natural, doença, incompetência, fragilidade e assim em diante. 
         Também o conceito de Igualdade, quando usado fora da Doutrina de Jesus Cristo e do campo espiritual,  só tem sentido político partidário e como retórica dialética. Serve na política administrativa  para que se aprimorem instrumentos sociais de natureza jurídica do Estado os quais regulamentam o acesso a Justiça, a Educação e afins. A igualdade, como resultado da mais valia, assentada na análise econômica e na divisão de classes, surgiu com o modo de produção da velha industrialização. No entanto a industrialização que se deu no século XIX e inicio do século XX já foi substituída por outra forma de produção. Atualmente o mundo se prepara para a Quarta Revolução Industrial onde a economia depende da presença de tecnologias digitais, mobilidade e conectividade entre pessoas, homens e máquinas, tendo a informação como valor central. Ocorre que mesmo diante desse quadro evolutivo da industrialização, grupos políticos partidário nos países democráticos em desenvolvimento, prosseguem com o uso do conceito de  Igualdade sob a ótica econômica marxista,  investindo nessa retórica com objetivo de alcançar o poder político e administrativo desses países. A retórica utilizada por Eduardo Galeano é influenciada pela velha industrialização que dividiu e monopolizou o mundo industrializado do século XX entre esquerda e direita.
              Esse suposto diferencial  retórico entre esquerda e direita foi responsável por grande parte da violência social que afligiu a humanidade durante todo o século XX deixando milhões de mortos pelo caminho. Por outro lado, registrou-se um período de grande avanço tecnológico e científico, bem como do aperfeiçoamento do exercício e da compreensão do  Cristianismo e do papel da religião. 
           É certo que em função da disputa que alguns países estabeleceram entre si na busca da hegemonia cultural , intelectual, política e econômica global,  tal como Solidariedade e Igualdade, outros termos passaram a ser utilizados como, por exemplo,  o "fraternidade". No entanto essas nomenclaturas são conceitos manuseados e desenvolvidos por corporações cujo objetivo é oferecer outras opções de retóricas ideológicas para grupos que também se ancoram no conceito de Igualdade ou que tem o mesmo matiz ideológico. Esses grupos assentam na mesma doutrina a construção de seu discurso político partidário, mas pertencem a organizações e estratégias diferentes. Esses conceitos vem desempenhando papel político desde a Revolução Francesa.
João Paulo II e Lech Walesa


               Como exemplo do uso político de "solidariedade"  como jargão, podemos citar a ida do papa João Paulo II à Polônia, país que estava sujeito a Rússia Soviética, cujo regime ideológico restringia a atividade religiosa. Em 15 de junho de 1983, o papa João Paulo II foi à Polônia, sua terra natal, levando apoio aos trabalhadores do Solidariedade, Solidarność em polonês, que se tratava de uma organização sindical presidida por Lech Walesa. Naquelaq circunstância a ida do Papa foi fundamental para a derrocada do paradigma da igualdade materialista da retórica Soviética que imperava na polônia e em outros países da Europa Central.  A ida do Papa à Polônia  fortificou e simbolizou a resistência ao colonialismo soviético/ateu para os poloneses e outros povos da Europa.
          Também em 1983 João Paulo II foi à Nicarágua, na América Central, e criticou publicamente o bispo Ernesto Cardenal que se apresentava como representante de Roma e apoiava explicitamente os sandinistas pró-soviéticos-cubanos. Isso demonstrou que a Igreja Católica Romana dirigida por João Paulo II era solidária com os portuários na Polônia que se rebelaram contra o colonialismo Russo/Soviético, mas não era solidária com o seu representante na Nicarágua que apoiava o colonialismo de Moscou,  comum entre sacerdotes  católicos de vários países latino-americanos. 
João Paulo II e Ernesto Cardenal
            Podemos observar também a opção cuidadosa que a Igreja Católica Romana na América Latina  deu aos jargões "Solidariedade e "Fraternidade". Basta lembrar, por exemplo, as campanhas da fraternidade que marcou a ação da CNBB - Confederação Nacional dos Bispos do Brasil- de 1991 a 2011, que nesse período influenciou toda a ação política e social no Brasil e, certamente, na América Latina. A aproximação da Igreja Católica Apostólica Romana com o campo marxista se deu através da Teologia da Libertação que trata-se de uma corrente teológica cristã nascida na América Latina, depois do Concílio Vaticano II e da Conferência de Medellín (Colômbia, 1968). Esse movimento de origem Católica Romana  parte da premissa de que o Evangelho exige a opção preferencial pelos pobres e especifica que a teologia, para concretar essa opção, deve fazer uso das ciências humanas e sociais.  Dessa forma podemos entender os motivos políticos que levaram os bispos latino americanos a optarem por fraternidade ao invés de solidariedade como jargão.  Ocorre que  somada com a divergência ideológica interna quanto a ação de João Paulo II em relação ao colonialismo Russo/Soviético e à Nicarágua, os bispos brasileiros ao se aproximarem do campo marxista para ganhar autonomia em relação a Roma de João Paulo II e combater a expansão do protestantismo dos EUA e Inglaterra na América do Sul, optaram por  "fraternidade" como jargão da campanha da CNBB, Conferencia Nacional dos Bispos do Brasil.
          Fato importante para o entendimento desse processo político ocorreu na greve do ABC em 1979, aqui em São Paulo, Brasil. O movimento grevista contou com apoio da CNBB que  alavancou a figura  Lula e do Partido dos Trabalhadores, oferecendo as comunidades eclesiais de base para organizar o Partido e, com isso, levando-os, Lula e o PT,  à presidência da República no Brasil. A população, de uma forma geral, se mobilizou para enviar alimento aos grevistas.  Na época muitos, como eu, participaram ativamente e emocionalmente disso. Inegavelmente boa parte da população demonstrou solidariedade aos trabalhadores fabris em greve no ABC, mas não à causa subliminar de viés ideológico ou para com a visão de mundo dos sindicalistas do ABC. Fomos solidários à distância, longe da verve ideológica marxista,. Essa posição demonstra que nem no ABC e nem em qualquer outro momento político  a Caridade se manifestou. Houve somente a manifestação de apoio  que se auto protege na desconfiança, que se entrega limitado e político na forma de  solidariedade.

            Obviamente que para a noção materialista do marxista Eduardo Galeano e, consequentemente, como ateu que era, a utilização do termo "solidariedade" como retórica de classe social torna-se um agregador político imediato, superficial e de fácil acesso,  podendo mudar uma situação política e de poder que dependa da opinião pública e do voto eleitoral. No entanto, por  modismo, desleixo ou falta de identidade histórica, Galeano comete erro condenador ao estabelecer juízo de valor entre Caridade e solidariedade,  objetivando anular a influência da doutrina de Jesus Cristo nos valores que mantêm unidas diferentes classes sociais. Ora,  é nítido perceber com profundidade que a Caridade tem sustentado a civilização ocidental e suas relações humanas há milênios e que somente a Caridade como Dom de Deus é transformadora e aprimoradora do indivíduo interior porque trata do Amor ao próximo. Ela estabelece critério de valor humano para as  relações sociais, tornando-se a base para o desenvolvimento ético, moral e espiritual  do Homem e de toda civilização humana.
             Com isso quero dizer que a Caridade está em plano superior, espiritual, que não pode ser questionado pela ciência e vice-versa, não é objeto de campanha ou de Partido Político porque não serve a esse propósito e não pode ser distribuída. A Caridade é valor intocável que identifica, de forma preponderante, o comportamento esperado do Homem quando este alcança o estágio mais desenvolvido dentro da Civilização Cristã Ocidental e de outras civilizações que se ancoram na Doutrina Cristã. A Caridade é instrumento de aprimoramento das relações éticas entre os indivíduos e da construção do caráter dos mesmos. Para tanto, não se deve aceitar, sem resposta, que alguém, por presunção intelectual, por ingenuidade, intenção ou comprometimento ideológico, trabalhe para dirimir a Caridade com intuito subjetivo de enfraquecer esse valor ético milenar que nos identifica e aprimora enquanto Civilização Cristã.
             A Caridade não desobriga o Estado, a Igreja e o cidadão de se preocuparem com a miséria humana e suas causas. Ela, a Caridade, no entanto, não depende do Estado, da Igreja, do cidadão, porque já está posta por Jesus Cristo e somente pode ser aprofundada na sua compreensão desde que não sirva como objeto de partido político  ou corporativo. Ela, a Caridade, é percepção de cunho estritamente espiritual e individual se materializando somente em ações de indivíduo para com outro ou para com outros e não na ação de grupo fomentado por interesses econômicos ou políticos partidários ainda que assentado em princípios humanitários. Ela, a Caridade, pode ser desvelada, para nós, pelo contato direto com Jesus Cristo e mesmo por toda Igreja Cristã se nela houver o exercício constante do conhecimento e prática da doutrina de Jesus Cristo. Portanto, sem Caridade  não há conversão do Homem primitivo para o Homem  Civilizado na Civilização Cristã Ocidental.
                      Embora em 1990 já tivesse terminado a Guerra Fria entre o Campo Socialista representado de um lado pela Rússia, através da União Soviética, e do outro lado pelos EUA e aliados, esses últimos ligados ao Campo da Livre Iniciativa e Liberdade de Expressão, ocorreu que intelectuais adeptos ou simpatizantes do marxismo continuaram ativos. A produção intelectual marxista do período da Guerra Fria  foi marcada pelo combate aos valores culturais da Civilização Cristã Ocidental. Isso ocorreu não apenas dentro dos países sob a influência Campo marxista dominado pela Rússia/Soviética, mas também ocorreu dentro dos países ocidentais. Grupos marxistas partidários da União Soviética, atuavam livremente onde havia liberdade de expressão e, principalmente, em países aliados dos EUA e cujos  governos se opunham ideologicamente ao sistema inspirado nas teses marxistas.  Intelectuais e simpatizantes marxistas puderam existir dentro dos países ocidentais e neles exercitar a Liberdade de Expressão, principalmente nos países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento de formação cristã que experimentam períodos democráticos como o Brasil.
O século XX, que se encerrou no calendário  há pouco, foi marcado pelo conflito entre ciência e religião ou, mais especificamente, do materialismo marxista contra Religião, em especial a Cristã.. O combate a igreja e, em especial, ao Cristianismo esteve presente na produção intelectual registradas nos bancos de teses e trabalhos acadêmicos das Universidades  estabelecidas nos países desenvolvidos que fazem parte da Civilização Cristã Ocidental, bem como em Universidade Públicas  e privadas dos países subdesenvolvidos e de influencia majoritária do catolicismo romano latino americano que via nos marxistas uma possibilidade de minimizar o avanço do protestantismo.
         Ainda que os intelectuais que se puseram a combater o cristianismo e a figura de Jesus Cristo tenham lido e relido o Novo Testamento, este livro, que difere os Cristãos dos das outras religiões  monoteístas,  foi dissimulado e condenado como leitura e fonte de conhecimento pelos intelectuais de influencia marxista. Considere-se ainda  que a  falta de interesse  pela leitura do Novo Testamento assim  como da Bíblia Sagrada em seu todo, deve-se também a influência da Igreja Católica Apostólica Romana num todo e, em especial, da América Latina. Ocorre que, em função da diferença entre a sua prática religiosa e organizacional em relação a alguns  princípios da Doutrina Cristã,  a Igreja Católica Romana da Contra Reforma,   proibiu, em 1564 a leitura da Bíblia por qualquer indivíduo que não fosse clérigo e ainda  manteve sua Bíblia  escrita em latim. O latim  foi mantido como a língua utilizada nas missas até a década de sessenta do século XX aqui na América Latina.                   Essa decisão de manter a missa e a  Bíblia usado pelos clérigos em latim obedece a decisão do  Concílio de Trento, realizado de 1545 a 1563.  Com o Concilio de 1545, a Igreja Católica Apostólica Romana  respondeu politicamente à Reforma Protestante de iniciativa do monge agostiniano alemão Martinus Luter (Martin Luther) que propunha,  desde o século XV, entre outras coisas, a tradução da bíblia nas línguas locais para que toda a população tivesse acesso ao seu conteúdo.
        Mesmo sendo a base da construção do indivíduo ético, moral e comportamental da civilização cristã, tanto ocidental como oriental, a indicação da leitura da Bíblia Sagrada, em especial do Novo Testamento, que alimentou Eduardo Galeano na América do Sul e a maioria dos filósofos da Escola de Frankfurt, foi condenada pelos  pedagogos do sistema público de educação, inclusive para os cursos de graduação, nos países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento como o Brasil.
A  Caridade pode ser lida no livro escrito há quase dois mil anos pelo apóstolo de Jesus Cristo, Paulo, em I Coríntios, capítulo 13, que a descreve assim:
“Ainda que eu falasse a língua dos homens e dos anjos e não tivesse caridade, seria como o metal que soa ou como o sino que tine.      
        E ainda que tivesse o dom da profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse caridade, nada seria.
         Ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse caridade, nada disso me aproveitaria.
         A caridade é sofredora, é benigna: a caridade não é invejosa: a caridade não trata com leviandade, não se ensoberbece, não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita,, não suspeita mal; não folga com a injustiça, mas folga com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. A caridade nunca falha: mas havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá; porque, em parte, conhecemos, e em parte profetizamos; mas quando vier o que é perfeito, então o que o é em parte será aniquilado... “  
           A produção intelectual que ainda hoje manifesta intenção de enfraquecer a Caridade e a Jesus Cristo,  é instrumento político que visa desgastar e fazer ruir a Civilização Cristã Ocidental e, como consequência,  o Cristianismo em todos os cantos da Terra. No entanto, diferentemente de outras doutrinas e civilizações, na maioria das vezes, com base na Caridade, no Perdão, no Amor ao Próximo, na Tolerância de não julgar, e, principalmente, na fé e esperança de conversão e aprimoramento humano interior como ação da própria Doutrina Cristã, têm-se tolerado manifestações contrárias a Cristo. Entretanto, certas manifestações, que aparentemente se sustentam na Liberdade de Expressão,  têm  se mostrado de insuportável selvageria até mesmo para os que não são Cristãos.(PIGATTI, V, T., 2014)

                                                         Valionel Tomaz Pigatti
São Paulo- 2013/14

            Currículo Lattes:  http://lattes.cnpq.br/0781027245850748

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