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terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Antes disso tudo sou Homem. A DIVERSIDADE CULTURAL


                                                                                                                                (PIGATTI, V, T., 2013)
Antes disso tudo sou Homem... 
      D I V E R S I D A D E        

        Poderia elaborar comparativos acadêmicos baseados em obras de autores consagrados como sociólogos, antropólogos, cientistas políticos, etc. No entanto vou partir do meu olhar, da minha existência, da minha experiência, do meu conhecimento acumulado que, em alguns casos, foram despertados a partir da leitura de obras desses autores. Permita-me, portanto, em alguns momentos narrar na primeira pessoa. 
               A globalização e o estreitamento virtual das relações humanas proporcionadas pela internet, possibilita o conhecimento, quase que instantâneo, de toda atividade humana interligada por essa tecnologia no globo terrestre. A compreensão da Diversidade Animal, Vegetal, Geográfica, Topográfica e Humana do Planeta Terra, exige que se reflita sobre a necessidade de respeitar  outros  habitantes que possuem  características diferentes da minha ou da tua. No meu caso, essa constatação faz-me  reconhecê-los, mas também trabalhar para que os outros habitantes do planeta, e mesmo os que vivem no território onde estou estabelecido, respeitem-me e a História dos meus ancestrais. 
           Nascido e vivendo em São Paulo, Brasil, me esforço para que os outros respeitem o que fui, o que sou, o que pretendo ser. Aqui na América do Sul, no Brasil, em São Paulo, na capital, essa diversidade é muito próxima, pois está onde residimos, no vizinho, nos transeuntes, dentro dos transportes coletivos. No entanto, a diversidade  não é reconhecida no sistema educacional, na produção acadêmica e intelectual nacional, como também não é reconhecida na organização política e administrativa do territorialmente imenso Estado Brasileiro. Para nós, latinos americanos de origem europeia não portuguesa, não indígena, não africana, estabelecidos no Brasil, a questão da diversidade deve ser focada a partir do nosso próprio olhar. Portanto, a diversidade, para nós,  deve ser vista de forma diferente de como a observa ou são levados a observá-la aqueles que não estão neste continente, mas em outros países, como, por exemplo,  os  asiáticos, os africanos e os europeus. Esses tomam conhecimento do país através da produção acadêmica de orientação marxista ou através de imagens e narrativas  oferecidas pelo do sistema de comunicação liderado pela Rede Globo de Televisão e seu seletivo corpo de funcionários e beneficiários.  
             Não podem nos entender os que nos querem classificar a partir de seus países de origem onde a população é milenar e homogênea. Não podem nos classificar os que se valem dos catálogos de publicações oficiais das embaixadas do governo e de instituições públicas brasileiras que pautam seus registros no conteúdo dos meios de comunicação, como a Rede Globo, ou no que é promovido pela industria da mercadoria cultural ou mesmo por organizações politico-partidárias.  Os intelectuais de outros países não podem continuar generalizando como se no Brasil todos imigrantes tivessem a identidade ancestral totalmente diluída nas realidade(s) cultural(is) que os recepcionou(naram). Esse equivoco não pode ser mais tolerado principalmente agora em que se dá o estreitamento das relações, a democratização das informações,  a publicação de opiniões diferenciadas  que está sendo promovidos pela globalização e acesso  a produção digitalizada através da internet e, o mais importante, sem o controle do Estado.
                             Exigir o reconhecimento da diversidade aqui no Brasil é prioridade. Trata-se de uma federação de estados colonizados por emigrantes provenientes de diversos países europeus, africanos e asiáticos. Esses emigrantes se juntaram em comunidades espalhadas pelo vasto território federativo, estabelecendo uma quantidade patente de diferenças culturais e étnicas distribuídas pelos estados e regiões do imenso e multifacetado território brasileiro. 
                       Não trato aqui neste texto as diferentes opções sexuais impostas pelos adeptos da Ideologia de Gênero, tão em voga,  ou de gostos específicos de públicos consumidores  formados pelo monopólio que até então era controlado pelos sistemas de comunicação das mídias do Rio de Janeiro ou de São Paulo. Ao contrário, é exatamente contra isso que me debato, que conflituo.  Minhas ferramentas são as diferenças culturais, geográficas, climáticas e étnicas que identificam os povos e as manifestações estético/culturais espalhadas pelo vasto e diferenciado território brasileiro. Por isso é importante exigir o reconhecimento dessas diferenças e o direito de preservar a história e as características culturais de cada grupo social e étnico que se estabeleceram e estabelecem suas proporias características  neste vasto território. 
                     Esse exercício de preservação da herança cultural dos diferentes grupos sociais nos mantêm íntegros e nos protege dos projetos totalitários de ideologias que pregam a uniformidade, a pasteurização como, por exemplo, desejam os ideólogos marxistas e, com eles, os ícones da arte do Modernismo. A preservação da herança cultural dos vários povos ou famílias  impede a preponderância deste projeto de orientação marxista sobre o tradicional e resistente que varou séculos, milênios, protegendo, dessa forma, a rica variedade de manifestações dos diversos povos milenares, das garras de ideologias totalitárias como a da extinta União Soviética e da atual e ameaçadora chinesa.  
            Para confeccionar seu projeto totalitário, os marxistas, como de práxis,  reinterpretam, dão outro significado ao substantivo Conservador ou Conservadorismo, bem como a Civilização, Verdade, Família, entre outros e de acordo com a conveniência. Assim como o significado de Civilização, transformam o conservadorismo em um anteparo para  suas teses unidimensionais, entre elas a de que são eles os proprietários da única identidade brasileira. Dessa forma eles sustentam que o nascimento do povo brasileiro, sob o ponto de vista estético/étnico/cultural, se dá na cidade de Salvador, Estado da Bahia, com extensão migratória para a cidade do Rio de Janeiro. Associam a brasilidade a conceitos culturais/estéticos/éticos/religiosos na miscigenação Soteropolitana, reclamando direito histórico sobre a brasilidade por se afirmarem como  primeiros colonizadores, como se isso fosse um conceito Conservador. 
                      Os espaços para a imposição dessas ideologias totalitárias pelos marxistas e pelos monopólios de comunicação, a exemplo da Rede Globo, tem diminuído  devido a globalização e a Internet, os quais proporcionam o rompimento das fronteiras físicas causado pelo desenvolvimento e acesso ao universo da comunicação virtual e sem controle do Estado
                      É diante desse novo quadro de possibilidade de manifestação que empenho-me, tanto de forma física quanto de forma intelectual, a trabalhar  para que a diversidade sob o foco cultural e étnico seja uma realidade compreendida, exercitada e respeitada  entre os homens, deles para com as mulheres, das famílias para com  as crianças, para a natureza e os animais. Deve haver respeito entre  a natureza territorial de cada grupo  cultural. Mesmo que esse território agora seja abstrato ou ainda que este esteja fisicamente distanciado daquele outro, os grupos de indivíduos de natureza étnica e cultural semelhantes  devem ser respeitados, bem como devem ser consideradas as características específicas da natureza geográfica de cada localidade ou de cada nicho digital.
                                Aqui no Brasil, a convivência entre os diferentes  deve se pautar em trocas e permutas cotidianas, pois que  conviver reconhecendo os outros e as características que nos diferem é reconhecer a si mesmo, é exigir a contrapartida. Esse reconhecimento é o que pode dar continuidade estável e prosperidade ao acordo federativo brasileiro.  Ao reconhecer o Belo na natureza biológica, paisagística, geográfica em que o outro está inserido estamos, ao mesmo tempo, exigindo que o reconhecido também nos reconheça e tudo o que  está vinculado a nossa história. Portanto, somente reconheço aquele costume  ou aquela manifestação desde que a existência da mesma não cause danos ou a destruição de outros seres vivos diferentes, de culturas diferentes, enfim;  à diversidade. Desta forma posso afirmar que não me comporto e não me confundo com o relativismo utilizado pela antropologia,  já que não sou neutro ao reconhecer o diferente, pois somente reconheço se for reconhecido.
                            O reconhecimento  deste ou daquele gosto, deste ou daquele costume, deste ou daquele folclore, desta ou daquela manifestação cultural  só pode ser exercitado com consistência e  profundidade por quem tem identidade própria. Pois somente pode respeitar o outro  aquele que não é vazio, mas que tem conhecimento  da sua própria identidade recebida, sua própria história recebida, da sua própria trajetória recebida. Em se tratando de criança, devem os pais que possuem identidade, transferi-la para o vazio infantil que será exposto de forma protetiva  à educação oficial totalitária e aos conceitos de brasilidade de origem marxistas. Somente os que detém a consciência  de se reconhecer é que podem colaborar no contexto da diversidade. Somente quem se identifica dentro do seu  próprio contexto cultural ou histórico pessoal e coletivo pode  exigir e lutar por esse reconhecimento em contexto diverso  de cultura e de educação promovida por este ou aquele Estado nacional. Não há, portanto, espaço para o uso do distanciamento do pesquisador antropológico, pois se trata de ação de quem foi inserido, age e também se expressa, julga e manifesta valor, que deseja se ver reconhecido pela realidade, mesmo naquela realidade que já existia antes mesmo de ser inserido nela. 
                            A diversidade só pode se manifestar e ser respeitada em  País cujo sistema seja democrático e descentralizado,  que se assente em conceitos federativos e que produza, intelectualmente e na prática, os elementos da diversidade que configuram sistema federativo e multicultural. É necessário  que o Sistema de Educação em  país federativo e multicultural, de grande ou pequenas proporções,  atenda essas especificidades, democratizando os conteúdos das matérias escolares para  atender a diversidade  e satisfazer todas as realidades regionais e locais. Assim pode-se dizer que não é o Estado Nacional que deve ser reconhecido e preservado, mas sobremaneira o Estado Nacional é que deve reconhece r e preservar a diversidade étnica e cultural. O Estado Nacional é a contemplação e a garantia da diversidade. Portanto, a diversidade é o principio da produção econômica, da geração de emprego e do desenvolvimento humano e da miscigenação enriquecedora.
                           Para  alcançar tais objetivos é necessário que países do continente americano recentemente colonizados, ou que foram colonizados a partir do século XVI, bem como dos países de grandes dimensões territoriais e de impérios tradicionais que reúnem em seu território varias nações, tanto na Europa quanto na Ásia, que os instrumentos tecnológicos de industrialização, promoção, distribuição e arrecadação, instrumentos que lidam com a educação e a cultura, sejam descentralizados, democratizados, distribuídos e colocados a serviço da diversidade abrigada em seu  território federativo. Poderíamos entender que  hoje, a União Européia, é um formato de federação contemporânea cuja organização poderia ser transplantada para Estado como Brasil.  
                                          Somente através da descentralização político-administrativa, representativa e econômica do poder é que se criará um novo conceito de Estado Nacional sustentado na diversidade. Nele poderá se exercitar o respeito e  a dignidade aos diversos grupos de indivíduo, estabelecer um novo momento econômico e cultural para a Civilização Ocidental Cristã, contribuindo para sua consolidação e seu  aprimoramento no mundo, em especial, para a emancipação definitiva das  Américas Central e do Sul. PIGATTI, V, T., 2013)

                                                                       Valionel Tomaz Pigatti (Léo Tomaz)

                                                                                                               
                                                                                                  Currículo Lattes:   http://lattes.cnpq.br/0781027245850748