(PIGATTI, V, T., 2009)
Juó Bananére
Valionel Tomaz Pigatti ( Léo Tomaz)
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São Paulo - No começo do século, nas ruas São Paulo imperava um caos
lingüístico, com imigrantes italianos, portugueses, alemães, japoneses e
libaneses se acotovelando entre as ruas estreitas do centro e do subúrbio,
fortalecendo a mão-de-obra e agilizando o comércio local. Enquanto tentavam
comunicar-se, os novos habitantes criavam variações da língua portuguesa e o
dialeto mais famoso, o "macarrônico", dominava entre os italianos, a
ponto de inspirar a criação do personagem, Juó Bananére, pseudônimo do engenheiro
Alexandre Marcondes Machado, que inventou língua própria e invadiu as
principais crônicas paulistanas.
"Os escritos
de Bananére são extremamente sonoros, o que facilita sua utilização no
teatro", comenta Zebba dal Farra diretor de Almanacco Bananére, musical que estréia quinta-feira (07), às 21h,
na Funarte (Alameda Nothmann, 1.058) e cumpre curta temporada até domingo.
São vários textos selecionados entre as diversas crônicas e sátiras do
"poeta, barbiére e giurnalista", que inventou língua própria,
resultado de suas andanças pelo Bom Retiro. Dal Farra comanda os 20 atores do
Grupo Mangará, que interpretam os diversos personagens retratados por Bananére.
Uma das principais fontes de pesquisa foi a coluna As Cartas d´Abaxo Pigues (lê-se baixo
piques, antigo bairro de São Paulo), publicada entre 1911 e 1917 na revista O Pirralho, editada por Oswald de
Andrade. "Bananére é normalmente lembrado como pré-modernista, mas
preferimos dissociá-lo dessa imagem, pois sua escrita foi única", comenta
Dal Farra. Bananére, aliás, sucedeu Oswald como colunista da revista e só foi
dispensado por ter ridicularizado a campanha nacionalista do poeta Olavo Bilac que era
admirado pelos modernistas de formação marxista.
Os textos
irônicos e críticos transformaram Bananére em personalidade das mais
conhecidas de São Paulo dos anos 10. "Eu foi", "eu pôs",
"San Gaetano", "nó mi vá pegá una gripe" são algumas das
formas macarrônicas utilizadas pelos imigrantes, que Bananére retratava com
graça. "Como bom descendente de italianos, há mais de 40 anos que me
divirto com suas crônicas, especialmente as reunidas no livro Divina Increnca, e sempre quis levá-las
ao teatro", comenta a atriz Myrian Muniz, supervisora do espetáculo.
"A opção pelo musical foi ótima."
Almanacco Bananére relata série de histórias que envolvem
imigrantes, com os atores cantando músicas do folclore italiano, especialmente
as da região de Nápoles, conhecidas por saraceni. "Aproveitei para musicar alguns textos do Bananére, além
de criar canções originais para o espetáculo", conta Dal Farra, que apoiou
suas pesquisas principalmente no livro Juó Bananére: As Cartas d´Abaxo Pigues (Editora Unesp), escrito pelo professor de
literatura brasileira Benedito Antunes. "Ele faz uma análise criteriosa,
principalmente sobre a experimentação lingüística de Bananére". (PIGATTI, V, T., 2009)
Valionel Tomaz Pigatti - (Léo Tomaz)
Curriculo Lattes: http://lattes.cnpq.br/0781027245850748
Um comentário:
eita
que a fome era tanta...
que delícia passear no seu blog, querido LEO! Fiquei um tempaço aqui, perdida entre suas palavras...
SAUDADES...
mas entre o abraço ainda esperado, fica meu beijo molhado pela virtualidade
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