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sexta-feira, 20 de março de 2009

Juó Bananére e os poetas ignorados.

(PIGATTI, V, T., 2009)
Juó Bananére
                    "as bananera di lado só pr'a aripresentá u migno nomino tambê pr'a dá fruita pr'us troxa. Nu centro stó io chi só u dono du 'brazó' di giunto cumigo stó u Piedadó i o Capitó chi só as duas principale figura du Juó Minhoca politico andove stó io o imprezario, i tambê pur causa chi furo illos chi serviro di scada pr'a mim subi pr'a groria du giurnalismio indigena! Non cutuca! é a migna indivisa, pur causa chi io sô molto camarada, ma buliu cumigo é a mesima cosa chi mexê con una caza di marimbondi!! Dô u strilimo!" ("O Pirralho", 1917).Texto de Juó Bananére.
       

                O cidadão livre deve investir tempo e atenção em  projeto político que promova a democratização dos conteúdos das matérias escolares, em todos os níveis da educação, promovendo a diversidade e satisfazendo todas as realidades regionais e locais. Para alcançar esse objetivo é necessário lutar e exigir que os instrumentos tecnológicos de industrialização, promoção, distribuição e arrecadação que lidam com a educação e a cultura, atualmente centralizados e ideologizados, sejam democratizados e colocados para promover as criações artísticas e culturais das regiões e das localidades. Somente através da descentralização política , econômica e cultural do Poder no Brasil é que alcançaremos o respeito,  a dignidade e o desenvolvimento Humano. Quando isso ocorrer certamente poderemos conhecer Juó Bananére e tantos outros que continuam ignorados.

Valionel Tomaz Pigatti ( Léo Tomaz)
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                São Paulo - No começo do século, nas ruas São Paulo imperava um caos lingüístico, com imigrantes italianos, portugueses, alemães, japoneses e libaneses se acotovelando entre as ruas estreitas do centro e do subúrbio, fortalecendo a mão-de-obra e agilizando o comércio local. Enquanto tentavam comunicar-se, os novos habitantes criavam variações da língua portuguesa e o dialeto mais famoso, o "macarrônico", dominava entre os italianos, a ponto de inspirar a criação do personagem, Juó Bananére, pseudônimo do engenheiro Alexandre Marcondes Machado, que inventou língua própria e invadiu as principais crônicas paulistanas.
            "Os escritos de Bananére são extremamente sonoros, o que facilita sua utilização no teatro", comenta Zebba dal Farra diretor de Almanacco Bananére, musical que estréia quinta-feira (07), às 21h, na Funarte (Alameda Nothmann, 1.058) e cumpre curta temporada até domingo. São vários textos selecionados entre as diversas crônicas e sátiras do "poeta, barbiére e giurnalista", que inventou língua própria, resultado de suas andanças pelo Bom Retiro. Dal Farra comanda os 20 atores do Grupo Mangará, que interpretam os diversos personagens retratados por Bananére.
             Uma das principais fontes de pesquisa foi a coluna As Cartas d´Abaxo Pigues (lê-se baixo piques, antigo bairro de São Paulo), publicada entre 1911 e 1917 na revista O Pirralho, editada por Oswald de Andrade. "Bananére é normalmente lembrado como pré-modernista, mas preferimos dissociá-lo dessa imagem, pois sua escrita foi única", comenta Dal Farra. Bananére, aliás, sucedeu Oswald como colunista da revista e só foi dispensado por ter ridicularizado a campanha nacionalista do poeta Olavo Bilac que era admirado pelos modernistas de formação marxista.
            Os textos irônicos e críticos transformaram Bananére em  personalidade das mais conhecidas de São Paulo dos anos 10. "Eu foi", "eu pôs", "San Gaetano", "nó mi vá pegá una gripe" são algumas das formas macarrônicas utilizadas pelos imigrantes, que Bananére retratava com graça. "Como bom descendente de italianos, há mais de 40 anos que me divirto com suas crônicas, especialmente as reunidas no livro Divina Increnca, e sempre quis levá-las ao teatro", comenta a atriz Myrian Muniz, supervisora do espetáculo. "A opção pelo musical foi ótima."
          Almanacco Bananére relata  série de histórias que envolvem imigrantes, com os atores cantando músicas do folclore italiano, especialmente as da região de Nápoles, conhecidas por saraceni.       "Aproveitei para musicar alguns textos do Bananére, além de criar canções originais para o espetáculo", conta Dal Farra, que apoiou suas pesquisas principalmente no livro Juó Bananére: As Cartas d´Abaxo Pigues (Editora Unesp), escrito pelo professor de literatura brasileira Benedito Antunes. "Ele faz uma análise criteriosa, principalmente sobre a experimentação lingüística de Bananére". (PIGATTI, V, T., 2009)


Valionel Tomaz Pigatti  - (Léo Tomaz) 
Curriculo Lattes:  http://lattes.cnpq.br/0781027245850748

Um comentário:

mimi sato disse...

eita
que a fome era tanta...

que delícia passear no seu blog, querido LEO! Fiquei um tempaço aqui, perdida entre suas palavras...

SAUDADES...
mas entre o abraço ainda esperado, fica meu beijo molhado pela virtualidade
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